quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

COMO SE DIVULGAR SE VOCÊ NÃO TEM DINHEIRO? Por: Claudia Souza

Divulgação é um dilema para aqueles músicos e artistas que estão iniciando carreira. Os que já são famosos, conquistaram seu espaço a duras penas, ao longo dos anos, ou tiveram um segredinho especial: uma boa Assessoria de Imprensa por trás.
O papel da Assessoria de Imprensa é fundamental para construir a imagem de um artista ou empresa e fazer com que o ‘produto’ se torne conhecido.
Palavras bem colocadas, descrevendo situações que se adaptem às pautas do momento, fazem com que a ‘embalagem’ do produto torne-se atraente para o tipo de mídia adequado, criando atalho para a divulgação institucional do nome ou marca.
A filtragem de veículos informativos é uma conquista diária para o Assessor de Imprensa, que precisa “se virar nos 30” para conquistar os redatores, pesquisar, reciclar, se adaptar às novas mídias e tecnologias.
Já para o cliente, ter um grande currículo não é o suficiente. Em nossa redação chegam releases imensos de artistas e músicos de todos os gêneros, mas que são impossíveis de publicar, ou porque não possuem um conteúdo atrativo para o leitor, ou porque não dispõem de imagens de qualidade.
Muitos artistas, ainda sem fatos para mostrar,começam seu release, contando uma história desde a infância, enchendo a folha de palavras pra dar a impressão que possuem uma extensa carreira.
Bobagem! Fatos como: ‘ganhei meu primeiro violão aos sete anos’, ’abandonei a música para virar dona de casa’, ‘filha de pais nordestinos, nascida na beira de um rio’, ‘passei fome’, etc. são muito bonitos para se contar, depois que o artista está famoso. Faz parte do marketing sensacionalista, para fazer parecer que aquele mega astro, mesmo após ter enriquecido, não abandonou as suas origens. Os artistas emergentes da pobreza fazem questão de contar os seus sofrimentos, para se aproximar da realidade do público que os está lendo ou assistindo, porque vendem mais para aqueles que se identificam com a sua imagem, além é claro de sentirem-se envaidecidos por mostrar para o mundo que venceram, como num conto de fadas. Duvido que quando estão em Dubai, Las Vegas, ou em turnê num desses cruzeiros
marítimos eles fiquem comentando as agruras do passado...
Na realidade, a grande massa da população brasileira é pobre, mas mesmo assim, vai aos shows, compram Cds, DVDs ou produtos da marca do artista. São os que realmente sustentam a máquina.
A mídia por sua vez, se aproveita para criar pautas de interesse popular e que acabam prendendo a atenção desse público (maioria) fazendo com que o objetivo final seja alcançado—divulgar os produtos e aumentar a audiência!
As maiores empresas e celebridades, além de anunciar em diversos veículos e criar suas campanhas com agências de publicidade, ainda possuem uma ou várias assessorias de imprensa. Por isso são famosas. Elas não desprezam nem os pequenos blogueiros que hoje são considerados grandes formadores de opinião. É um trabalho de formiguinha, um verdadeiro namoro e cortejo, que exige tempo, persistência e acima de tudo, paciência; mas que no final, garante ao cliente, uma grande economia em publicidade.
Mas, e o artista ou músico que está querendo ficar conhecido? Quanto terá que desembolsar para atingir este objetivo?
Para os que tem dinheiro, não querem perder tempo e não sabem como fazer, uma boa assessoria de imprensa resolve tudo. Custa em torno de R$2 a R$10 mil/mensais. Os trabalhos vão desde criar um site, manter o diálogo nos blogs, Orkut, twitter,
youtube, preparar fotos inéditas, acompanhar o cliente em eventos, responder os e-mails de fãs, filtrar jornalistas, registrar todas as ações, criar pautas de interesse, até a orientação de como o cliente deve se comportar em diversas situações.
A Assessoria de Imprensa é uma espécie de guarda costas da imagem do cliente e o preço varia de acordo com os serviços incluídos, o tempo de dedicação ao trabalho, equipe utilizada, etc.
Para os que não tem verba ainda, aqui vai a minha dica: pra começar, faça boas fotos. Hoje em dia, com as câmeras digitais em mãos, você conseguirá ótimas imagens até mesmo ao ar livre. Ajuste a sua câmera para fotos em alta resolução (no mínimo 3MB). Para quem entende de tratamento de imagem, programas como o Photoshop, por
exemplo, são uma mão na roda para dimensioná-las. Para os que não possuem afinidade com a tecnologia, existem diversos profissionais no mercado que fazem assessoria digital.
Fotos para serem enviadas para as revistas, devem ter no mínimo 300 dpi de resolução, para jornais, podem ter 150 dpi, já para a internet, o bom mesmo são fotos em baixa resolução com 72 dpi. O ideal é que estas fotos (para todos os casos) fiquem disponíveis num site para download quando necessário.
Mas lembre-se, simplesmente o seu release, não interessará para a redação. É preciso que você esteja atuando em algo que chame a atenção.
Por exemplo: Você vai fazer um show voluntário no asilo. Informe aos jornais da região, que no dia, hora, endereço tal, você estará fazendo um show para os velhinhos. Resumidamente, conte o objetivo da ação e aproveite para falar um pouquinho de você (qual repertório vai fazer, algum prêmio que ganhou, endereço do seu site, etc.). Não se esqueça de incluir uma bela foto [hoje em dia imagem conta muito]. Se na redação ou produção, tiver alguma pauta relacionada para a terceira idade, pode ser que você consiga uma publicidade gratuita e aí terá atingido o seu objetivo.

Em conversa com o jornalista Luiz Carlos Franco, um conceituado Assessor de Imprensa, sócio da empresa de comunicação Primeira Página (www.ppagina.com), ele disse:

“O artista deve adquirir noções de tudo um pouco.
Etiqueta para saber se comportar à mesa, para se vestir de acordo com a ocasião e um excelente media training, para não perder a oportunidade e não falar bobagem. Uma boa assessoria de comunicação/imprensa pode cuidar disso a partir de algumas reuniões com o interessado. Cultura geral também é básico: imagina o sujeito indo pra uma cidade fazer show e trocar o nome do município, não conhecer um pouco sobre a origem da cidade e da população, etc.”
Perguntei à ele: - O que você considera um erro fatal num release, que pode eliminar o interesse da imprensa em publicá-lo?
Sinceramente, release não cria oportunidade da pauta sem um contato com o jornalista, principalmente para termos a chance de explicar os diferenciais da
entrevista. Se é exclusiva, se temos novidades, etc.
Um release que comece com muito floreio e pouca objetividade não terá a menor chance de ser lido, quanto mais, se converter em matéria.

Para aqueles músicos e artistas iniciantes que não dispõem de verba para contratação de um Assessor de Imprensa, qual seria a sua dica que pode fazer a diferença?
Pegue uma pessoa da família que seja inteligente e tenha um pouco de estudo e disponibilidade. Depois, faça-a passar por um estágio (será cobrado) numa boa assessoria, para aprender o indispensável. Você terá ao menos uma pessoa interessada e esforçada cuidando desse novo talento.

Na próxima edição tem mais.
Anime-se! Quem não tem grana, FAZ!
BOAS FESTAS!

Claudia Souza
www.fadaceleste.com.br
REVISTA MÚSICO! N.4 - DEZEMBRO - PÁGINA 24
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