segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

AOS COLEGAS MÚSICOS E À SOCIEDADE BRASILEIRA

Por: Carlos Gelman

Agora que finalmente temos no cargo o Sr Roberto Bueno, professor, maestro, profissional respeitado e querido por todos os que o conhecem, aparecem juristas para dizer que a ordem não deve existir? Com a alegação de que a Ordem cerceia a livre expressão?

Primeiro com todo o respeito que merece a nobre Exmª. Procuradora Geral da República Drª Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira, eu como músico atuante a mais de 30 anos acho muito estranho que só agora os membros do poder público tomem atitudes como essa.

Onde estavam durante esses últimos 42 anos, quando a classe musical estava nas mãos ditadoras de um indivíduo que dizia, “Músico é tudo vagabundo”, e que só para citar um dos mais óbvios desvios, acumulou por décadas o cargo de presidente da Ordem dos Músicos do Brasil ao mesmo tempo em que presidia o Conselho Regional do Estado de São Paulo. Nem durante a ditadura militar o presidente do país era mesmo tempo governador de um estado! Nem Stalin ousou tanto!

Será que a Ordem dos Advogados permitiria que um estudante de direito do primeiro ano pudesse ter uma carteira de advogado prático e exercer a profissão sem o controle de um profissional, como ocorre com os seus bacharéis?

Não!!! dirão indignados os membros dessa ordem, para exercer a profissão são necessários pelo menos cinco anos de estudo específico e um EXAME que dará ao bacharel o direito de exercer a dita profissão, ou seja, parece que músico é algo que qualquer um pode ser sem estudo.

NENHUM músico estuda menos do que cinco anos para ter técnica suficiente para poder tocar profissionalmente, com raras exceções como Mozart que era um gênio, e achar que isso se refere apenas à música erudita é uma ofensa a gênios incontestáveis como Antonio Carlos Jobim, só como exemplo.

O ato que criou a Ordem dos músicos não foi feito por oportunistas e sim por doutores na lei, pessoas que compreendiam a situação ou que pelo menos estavam bem assessoradas, pois a ordem dos músicos tem na carteira de músico prático, justamente a garantia da “livre expressão”, mesmo que esta acarrete prejuízos para a classe.

Então nobres juristas, antes de ocupar o tempo do
departamento jurídico da OMB, que já tem muito trabalho para desfazer a confusão causada pela mais longeva ditadura latino- americana, que parece que passou desapercebida apesar dos constantes protestos, pesquisem o assunto, para não continuar cometendo erros básicos de julgamento que seriam admissíveis no cidadão comum, mas não num representante do poder legislativo.

Carlos Gelman é o inventor do revolucionário Mousefoot; um sistema eletrônico integrado ao
notebook, que possibilita ao músico virar a página das partituras, sem utilizar as mãos enquanto toca, com um simples toque dos pés. Verdadeiramente “Uma terceira mão”, como define seu criador.



Mais informações:
http://www.mousefoot.com.br/
REVISTA MÚSICO! - N.3 - NOVEMBRO/09 - PÁGINA 25

*
*
*
Publicidade: