quarta-feira, 31 de março de 2010

MAESTRO SILVIO BARBATO e o poder transformador da música na vida das pessoas

Com o auxílio de uma linguagem simples e cenas cotidianas, a série Valores da Música, criada pela
Cinevideo para o Sesi, aborda temas ligados ao universo musical de maneira didática e educativa.
Apresentada pelo maestro Silvio Barbato, que faleceu tragicamente no dia 1º de junho de 2009 durante o vôo 447 da Air France, a equipe de produção viajou por várias cidades do País para registrar culturas regionais e iniciativas sociais, além de explicar sobre a formação de uma orquestra, a carreira de músico, maestro e compositor e os vários gêneros musicais.
A série Valores da Música, com direção de Sergio Barroso, está sendo apresentada desde 14/02, no Canal Futura, aos domingos, às 16hs.
Silvio Barbato idealizou o projeto, junto com Mônica Monteiro, diretora da Cinevideo.
São 27 programas de aproximadamente 9 minutos cada um, que entre vários temas englobam a
educação musical para crianças e adultos, música indígena, viola caipira e ópera, história do hino
nacional, mercado de trabalho e o poder transformador da música na vida das pessoas.
Barbato e equipe viajaram o país para gravar depoimentos e registrar iniciativas reconhecidas, como os episódios sobre o trabalho musical da Orquestra Cidadã, formada por jovens da favela Coq, considerada a mais violenta do Recife; o exercício do luthier na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, incluindo entrevista com Jonas Caldas, um dos principais “construtores” de instrumentos do Brasil; uma visita à tribo Guarani em São Paulo para falar de música indígena e ao interior paulista para abordar a viola e a sua relação com a música caipira; uma parada em Minas Gerais para ouvir as vozes distintas que formam um coral, e no Ceará, cujo episódio evidencia, como uma ópera se assemelha ao enredo de uma novela, aproximando um gênero clássico de um tão popular.

“O MAESTRO”

Nos últimos anos, o Maestro Silvio Barbato, foi regente da Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e da Orquestra Sinfônica de Brasilia. Era Doutor em filosofia da música pela Universidade de Chicago e se destacou como o mais novo maestro a reger Tosca, de Puccini, quando tinha apenas 25
anos, o que lhe conferiu entre os mais íntimos, o apelido divertido de ‘Maestro Menudo’ (declarou em uma entrevista à “Isto é Gente”).

Depoimento de Andreas Kisser (guitarrista da Banda Sepultura no Yahoo Notícias:

“...Nós fizemos um tema do compositor Heitor Villa-Lobos, "O Trenzinho do Caipira", uma das obras mais conhecidas do grande mestre da nossa música erudita, com a guitarra fazendo a melodia principal e a orquestra acompanhando. Foi magistral, eu lembro da empolgação do Silvio com aquela junção da
guitarra distorcida e pesada com os instrumentos de uma orquestra. Foi uma sensação fantástica...”
Foto: Yahoo—Sex, 05 Jun, 02h15

“...Eu comecei a admirar muito o maestro por sua postura em relação à música. Geralmente, grandes maestros não são favoráveis à junção da música erudita com outros estilos. Na verdade, existe um grande preconceito por parte deles, muitos desprezam outras maneiras de expressão musical.
O Silvio não. Ele era muito aberto a novos experimentos, mantendo a classe e a técnica da música erudita, mas sempre buscando novos caminhos. Ele me deixou muito à vontade e, apesar de ter sido a primeira vez que eu tocava com uma orquestra, estava muito confiante.
Foi uma experiência inesquecível!...”

Foi Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra
sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro em Brasília e Regente Titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

No Conservatório Giuseppe Verdi, em Milão, recebeu o Diploma de Alta Composição na classe de Azio
Corghi.

Ainda na Itália freqüentou a classe de Franco
Ferrara, colaborando com o maestro Romano
Gandolfi no Teatro Alla Scala.

Em Chicago, realizou seu PhD em Ópera Italiana sob a orientação de Philip Gossett.

No Teatro Nacional Claudio Santoro estava na sua nona temporada como Diretor Musical. Com a
Orquestra do Teatro regeu concertos em Roma (Piazza Navona), Lisboa (Mosteiro dos Jerônimos), nos Teatros Municipais de São Paulo e do Rio de
Janeiro e em diversas capitais brasileiras. Suas
gravações com a Orquestra incluem as Sinfonias Brasil - 500 Anos e os Clássicos do Samba, com
Jamelão, Ivone Lara e Martinho da Vila.

Entre seus trabalhos com artistas internacionais,
destacam-se: Aprile Millo, Montserrat Caballé, e
Roberto Alagna e Angela Gheorghiu.

No centenário de Carlos Gomes, a convite de Placido
Domingo, foi o curador da ópera "O Guarani", que abriu a temporada da Washington Opera.

Diretor musical do filme "Villa Lobos, Uma Vida de Paixão", foi premiado com o "Grande Prêmio Brasil de Cinema 2001", na categoria de melhor trilha
musical.

Em 2003 compôs o balé "Terra Brasilis".

Pelo trabalho que vinha realizando na área cultural, Silvio Barbato recebeu inúmeras condecorações do governo brasileiro, tendo sido promovido ao grau de Comendador da Ordem do Rio Branco, além de ter recebido a Medalha do Mérito Cultural da Presidência da República.

O HOMEM:

Silvio Barbato era separado de Paula Prates, mãe de seus dois filhos Daniel e Elisa. Era flamenguista e gostava de cozinhar.


O ACIDENTE:

O Maestro desapareceu no trágico acidente aéreo com o Hair Bus A 300 da Air France —Voo AF447 que seguia do Rio de Janeiro à Paris, em 31/05/09, aos 50 anos comemorados no dia 11 daquele mês.

Somente 50 dos 228 passageiros foram encontrados. Até março de 2010, quase um ano depois, ainda não foi descoberta a causa que provocou o desastre.


Pesquisa e Adaptação: Claudia Souza - Revista Músico!