domingo, 27 de setembro de 2009

Jards Macalé participa de debate e faz show no encerramento da III Mostra BNB da Canção Independente

O cantor e compositor carioca Jards Macalé será o principal destaque no encerramento da III Mostra BNB da Canção Brasileira Independente, que acontece no cineteatro do Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – 2º andar – Centro – fone: (85) 3464.3108) até à próxima quarta-feira, 30.

Na terça-feira, 29, às 19 horas, Macalé será a figura central do programa Papo XXI, apresentando e debatendo o tema “Uma Canção”, com o sociólogo, professor e pesquisador musical Dilmar Miranda e a plateia presente ao cineteatro do CCBNB-Fortaleza, que poderá formular perguntas ao artista por escrito. E na quarta-feira, 30, também às 19 horas, Jards Macalé fará o show de encerramento da III Mostra BNB da Canção Brasileira Independente.
Sobre o tema “Uma Canção”, que abordará no programa Papo XXI, Macalé adianta o mote e discorre poeticamente: “a canção já nasce livre. Ela vem dos sons produzidos tanto pelo ser humano como dos sons que o rodeiam. A canção é produto da natureza dos que a produzem e as reproduzem no universo. A canção é um mistério. Vem do nada e, em sua soma, forma um cancioneiro que revela uma cultura. Um país é capaz de traduzir-se através de suas canções. Uma canção é capaz de determinar, geograficamente, uma cidade, uma determinada região, um povo, uma nação. Canções alegres ou tristes, de paz ou de guerra, de dançar e de ninar. Canções nascem livres para que todos tenham a liberdade de cantá-las”.
Compositor, intérprete, violonista, produtor, diretor musical, orquestrador e ator, Jards Macalé está no cenário musical há 35 anos, atuando nas várias formas de arte – seja no cinema, compondo trilhas sonoras, ou no teatro, poesia, artes plásticas, televisão e na música, com shows e gravações, do erudito ao popular.
Macalé produziu grandes artistas, dirigindo ou tocando, entre os quais Maria Bethânia, Gal Costa, Naná Vasconcelos, Wagner Tiso, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Paulinho da Viola e Luís Melodia.
O artista coleciona muitas composições e uma vasta discografia, que vai de 1970 a 2007, ao lado de parceiros como Itamar Assunção, Zeca Baleiro, Ana de Hollanda, Capinan, Torquato Neto, Duda Machado, Xico Chaves, Waly Salomão, Vinícius de Moraes, Abel Silva e a banda Vulgue Tolstoi.
Além disso, participou da nova edição do Projeto Pixinguinha, do Projeto Brasil na França, em Paris, e da XV Bienal de Música Contemporânea, na Sala Cecília Meireles (Rio de Janeiro). Jards Macalé foi homenageado por sua obra e grande contribuição nos vários segmentos artísticos, e também por sua atuação política em movimentos importantes e históricos no Brasil.

História de vida e trajetória artística
Jards Anet da Silva (Jards Macalé) nasceu no Rio de Janeiro, em 03 de março de 1943. Carioca da Tijuca, foi influenciado pelos batuques do morro e pelos foxes, valsas e modinhas tocados pela mãe, ao piano, e pelo pai, ao acordeom. Aos oito anos, foi morar em Ipanema, onde ganhou o apelido de Macalé, nome do pior jogador de futebol do Botafogo na época.
Começou a frequentar as rádios Nacional e Mayrink Veiga e fez amizade com o baterista Chiquinho, filho de Severino Araújo. Em 1959, formou, com o amigo, o conjunto Dois no Balanço. A dupla foi incorporando outros músicos até formar o Conjunto Fantasia de Garoto, que transitava pelo jazz, pela seresta e pelo samba-canção. Em 1963, o grupo se desfez. Foi aluno de Guerra Peixe (piano e orquestração), Peter Daulsberg (violoncelo), Ester Scliar (análise musical), Turíbio Santos (violão) e Jodacil Damasceno (violão). Estudou composição na Pró-Arte.
Iniciou sua carreira profissional em 1965, substituindo o violonista Roberto Nascimento junto ao Grupo Opinião. Participou, ainda nesse ano, do espetáculo "Arena conta Bahia". No ano seguinte, assinou a direção musical do recital de Maria Bethânia no Rio de Janeiro.
Atuou na década de 1960, principalmente como instrumentista. Nessa época, teve gravadas algumas de suas composições, como "Meu mundo é seu", por Elizeth Cardoso, e "Amo tanto", por Nara Leão. Em 1968, iniciou uma parceria com José Carlos Capinan.
Atuou como violonista do show e LP "Mudando de conversa", de Nora Ney e Cyro Monteiro. Participou da criação da Tropicarte, com Gal Costa, Paulinho da Viola e Capinan, destinada a produzir e empresariar seus próprios espetáculos. A sociedade se desfez seis meses depois.
Em 1969, participou do IV Festival Internacional da Canção, com sua composição "Gotham City". Gravou o compacto duplo "Só morto", trabalhou com Gal Costa na gravação do disco "Le-Gal" e no show "Meu nome é Gal", realizado na Boate Sucata (RJ).
Em 1971, viajou para Londres (Inglaterra), convidado por Caetano Veloso, que estava morando nessa capital. Realizou diversas apresentações em toda a Europa. No ano seguinte, retornou ao Brasil e gravou seu primeiro disco solo, o LP "Jards Macalé", lançado pela Philips.
Ainda em 1972, fez o circuito universitário carioca e paulista com Gilberto Gil. No ano seguinte, gravou ao vivo, com vários artistas, o LP duplo "Banquete dos Mendigos", homenageando o 25º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Em 1974, lançou o LP "Apreender a nadar". Nessa mesma época, escreveu a trilha sonora do filme "Amuleto de Ogum", de Nélson Pereira dos Santos. Participou também das trilhas sonoras de "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade, "O dragão da maldade contra o santo guerreiro", de Glauber Rocha, "Rainha diaba", de Antônio Carlos Fontoura, "Getúlio Vargas", documentário de Ana Carolina, e "Se segura malandro", de Hugo Carvana, entre outras. Viajou por todo o Brasil com o show "O homem que comia flores", considerado um dos melhores do ano pela crítica especializada.
Em 1976, apresentou-se ao lado de Moreira da Silva, pelo "Projeto Seis e Meia", no Teatro João Caetano (RJ). No ano seguinte, gravou o LP "Contrastes" e apresentou-se na Concha Verde da Urca, pelo projeto "Quem sabe, sobe".
Em 1978, novamente com Moreira da Silva, participou do Projeto Pixinguinha. Em 1987, lançou o LP "Quatro batutas e um curinga". Lançou, na década de 1990, os CDs "Let's play that" (1994) e "O que eu faço é música" (1998). Realizou diversos shows pelo país, destacando-se a apresentação em homenagem aos 90 anos de Cartola, em 1998.
Participou dos songbooks de Ary Barroso, Noel Rosa e Tom Jobim. Um ano depois, gravou a faixa "Acorda, amor", no songbook de Chico Buarque. Lançou, em 2001, em homenagem ao amigo Moreira da Silva, o CD "Macalé canta Moreira", no qual registrou obras desse compositor, com arranjos de Vittor Santos, Jayme Vignoli e Moacyr Luz, além dos arranjos próprios nas faixas "Acertei no milhar", gravada só com voz e violão, e "Choro esdrúxulo", na qual contou com a participação do fagotista Juliano Barboza. Participaram ainda do disco, Zeca Baleiro ("Na subida do morro"), Chico Caruso e Tim Rescala. Destaca-se, também, no repertório, sua única parceria com Moreira, "Tira os óculos e recolhe o homem".
Em 2003, lançou o CD "Amor, Ordem & Progresso". No ano seguinte, participou, ao lado de Gilberto Gil e outros artistas, da gravação do CD "Hino do Fome Zero" (Roberto Menescal e Abel Silva).
Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Gal Costa ("Hotel das Estrelas" e "Vapor barato"), Maria Bethânia ("Anjo exterminado" e "Movimento dos barcos"), Clara Nunes ("O mais-que-perfeito"), Camisa de Vênus ("Gotham City") e O Rappa ("Vapor Barato"), entre outros.
Lançou, em 2005, o CD "Real Grandeza", contendo exclusivamente canções de sua parceria com Waly Salomão: "Rua Real Grandeza", "Senhor dos sábados", "Anjo exterminado", "Dona de castelo", "Vapor barato", "Mal secreto", "Negra melodia", "Revendo amigos", "Pontos de luz", "Berceuse crioulle" e "Olho de lince", as duas últimas até então inéditas. O disco teve direção musical de Cristóvão Bastos e contou com a participação de Maria Bethânia, Adriana Calcanhotto e Luiz Melodia, entre outros artistas.

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