O vereador Adolfo Quintas, ao realizar a entrega de título de cidadão paulistano ao cantor, compositor e instrumentista Carlos Dafé, no último dia 27 de maio, não tinha ideia das grandes emoções que o evento causaria. Dafé, mais acostumado a emocionar com suas canções, por diversas vezes chorou ao ouvir os elogios dos convidados e aplausos dirigidos a ele por parte do público presente.
“Eu me lembro muito bem que um dos pontos altos dos meus bailes na juventude eram as músicas dele. Quem não dançou, ou chorou, ao som do refrão com a frase ”Não quero mais saber de ti?”, relembra saudoso Adolfo Quintas, referindo-se a um dos maiores sucessos do artista, a música “Pra que vou recordar o que chorei“.
O vereador disse que a lembrança do nome do músico é uma justa homenagem para alguém que tanto contribui com a cultura do Brasil. “Dafé é um dos maiores nomes da Black Music e da MPB. Sua obra, além de proporcionar momentos românticos, também trouxe a São Paulo e para o Brasil uma nova forma de olhar à nossa música. As pessoas que estão aqui representam a vontade de São Paulo em te homenagear”, afirmou o vereador, fixando o olhar em Carlos Dafé.
O cantor e compositor, Adilson Aragão, membro da mesa de autoridades, fez um discurso emocionado para homenagear o seu ídolo. “O meu maior sonho era conhecer Carlos Dafé. Esse sonho eu realizei quando eu fiz uma música “Copacabana” e pude contar com a participação especial dele. Dafé veio do Rio de Janeiro só para gravar comigo”, declarou Aragão com os olhos mareados de lagrimas.
Para Maria Aparecida de Laia, coordenadora da CONE (Coordenadoria dos Assuntos da População Negra), representando a Secretaria de Participação e Parceria do Município de São Paulo “Essa é uma noite importante para nós homens e mulheres. Parabéns, Adolfo. São Paulo estava precisando de alguém como Carlos Dafé para receber o titulo de Cidadão Paulistano”, falou Laia.
Histórico
Carlos Dafé, nasceu no Rio de Janeiro e cedo mostrou que a música seria seu caminho. O seu talento foi observado por seus pais, que o colocaram no Conservatório de Música do Rio de Janeiro. Aos 14 já tocava acordeom e vibrafone em conjuntos e orquestras em bailes e festas e nos anos 60 cantava em boates do Rio e São Paulo.
Na década de 70, depois de tocar na banda dos Fuzileiros Navais pelo Brasil excursionando pelo Brasil, Antilhas e Caribe, ele consegui gravar um compacto simples. Nele estava um dos seus maiores sucessos “Venha matar Saudades”. Nesta época Tim Maia, após ouvir o primeiro disco de Dafé, o convidou para participar da sua banda como tecladista e vocalista, começando assim seu envolvimento com artistas do “MOVIMENTO BLACK RIO”, incorporando elementos da Soul Music em suas músicas.
Desta turma faziam parte nomes tão importantes como ele, além de Tim Maia, Dom Salvador, Sandra de Sá, Toni Tornado, entre muitos outros. Este tempo de “caldeirão musical” fez de Carlos Dafé, um dos maiores nomes da Black Music brasileira, ao lado de Cassiano e Gerson King Combo, por exemplo.
Marco Dipreto
Fotos: Tiago Pierre