Exatamente depois de um ano e meio fechado para a mais completa e minuciosa reforma já realizada em seus cem anos de história, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro reabre as portas, em soft opening, no dia 2 de maio, com a apresentação inédita no Brasil do balé ‘Carmen’, de Roland Petit. Na véspera, haverá um ensaio aberto para funcionários do TMRJ e da obra.
Fato há muitos anos inédito, os recursos destinados pela Secretaria de Estado de Cultura para a programação do Theatro em 2010 atingem a cifra de R$ 9 milhões e cobrirão a quase totalidade dos investimentos na programação.
“O Theatro Municipal, pilar da cultura brasileira, é talvez o resultado mais visível de um forte investimento que decidimos fazer na política cultural do estado. A cultura vai nos ajudar a crescer, a ser uma sociedade melhor e mais rica e a retomar o lugar de protagonismo do Rio de Janeiro no Brasil. É com muito orgulho e alegria que iremos devolver o Theatro à população”, celebra o governador Sergio Cabral.
“É importante que, depois de uma grandiosa obra de restauro e modernização, o Governo do Rio de Janeiro faça esta sinalização clara de que o conteúdo e a programação do Theatro Municipal – a forma com ele atenderá daqui em diante sua missão de levar a excelência da arte erudita ao público mais amplo possível – são tão importantes quanto seu majestoso edifício. ‘Carmen’ é apenas o começo. Estamos esquentando os motores e muitas atrações virão a partir de 27 de maio.”, comenta a Secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes.
O maestro Roberto Minczuk, diretor artístico do Theatro, fala da programação com alegria: “Vamos abrir com um balé que celebra a música e a dança, uma das mais aclamadas obras do coreógrafo francês. O balé inspirado na ópera homônima de Bizet será apresentado pelo Ballet do TMRJ, dirigido por Hélio Bejani, com a participação dos convidados internacionais Sabrina Brazzo, Robert Tewsley e Andrea Volpintesta, e acompanhados pela Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal, sob a regência de Silvio Viegas. Imperdível!”, afirma o maestro.
A agenda do mês inclui ainda concertos da Dresdner Philharmoniker com Frühbeck de Burgos, Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica Brasileira, Oslo Camerata, a apresentação da bailarina de flamenco Eva Yerbabuena antes da reabertura oficial do Theatro.
“Optamos pela melhor forma de manter o Theatro aberto, por isso o ‘soft opening’. Depois de trocarmos todas as instalações elétricas, hidráulicas, sistema de ar condicionado e maquinário, num prédio de 100 anos, é importante que o movimento seja retomado aos poucos e tudo possa ser cuidadosamente posto em funcionamento com delicadeza. São cuidados necessários dada a profundidade da reforma. Trabalharemos com a lotação do TMRJ entre 70 e 80 por cento. Os ingressos também tem descontos. A programação da casa – o ballet Carmen – terá 50 por cento de desconto. Algumas partes do prédio ainda não estarão acessíveis ao público como o Salão Assyrio, o foyer do balcão nobre e as quatro rotundas da platéia e balcão nobre. Todos esses espaços ficarão bloqueados até o dia 27 de maio, quando, após a finalização da iluminação, serão plenamente reabertos.”, explica a presidente da Fundação TMRJ, Carla Camurati. “Ao invés de mantermos o teatro completamente fechado até a inauguração oficial, preferimos já oferecer uma agenda ao público e devolvê-lo à cidade a partir de 2 de maio e não perdermos a programação das atrações nacionais e internacionais”, completa.
Criada por Roland Petit em 1949, o balé Carmen, inspirado na ópera homônima de Georges Bizet, é um dos mais representativos da carreira do coreógrafo francês, que iniciou sua própria companhia em 1944, ao deixar o posto de primeiro bailarino da Opera de Paris. As criações angulosas, acrobáticas e teatrais se tornaram marca registrada de seu trabalho em todo o mundo e foram interpretadas por bailarinos do porte de Mikhail Baryshnikov, Margot Fonteyn, Natalia Makarova e Zizi Jeanmarie – esposa de Petit e sua musa inspiradora. Carmen será apresentada pela primeira vez em palcos brasileiros, entre os dias 2 e 9 de maio, pelo Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Toda a equipe de Roland Petit veio ao Brasil para reproduzir cenários, figurinos, luz e coreografia da aclamada montagem. À frente da companhia, estarão os convidados internacionais Sabrina Brazzo, Robert Tewsley e Andrea Volpintesta e a brasileira Claudia Mota, que se revezam nos papéis de Carmen e José. A Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal interpretará o arranjo da obra de Bizet – criado especialmente para o balé por David Garforth –, sob a regência do maestro Silvio Viegas, que faz uma análise do trabalho:
‘Carmen’ é uma das mais populares, fortes e contagiantes obras de todo repertório da música do século XIX. Além da ópera, em si, suítes, fantasias e inúmeras outras peças escritas por compositores das mais diversas origens foram baseadas nesta obra-prima que possui quase um século e meio de vida.
Para a realização deste balé, Roland Petit preferiu não utilizar as Suítes ‘Carmen’ – ao contrário do que fez em sua ‘L'Arlesienne’, quando usou os originais do compositor francês –, convidando o maestro David Garforth para uma nova releitura da obra. Sua sólida formação musical e grande experiência como regente de balés nos deu, em minha opinião, uma das mais ricas releituras desta que é uma das mais encenadas óperas de todos os tempos. Seu trabalho não foi somente o de orquestrá-la, mas também alocá-la dentro de uma nova estrutura que a história ganhara na narrativa de Petit.
Ora respeitando fielmente a partitura, ora fazendo pequenas mudanças de andamento ou agógica, ora reorquestrando, com extremo bom gosto, trechos conhecidos como a Habanera, por exemplo, Garforth consegue lançar uma nova luz sobre essa obra, sem perder a força, dramaticidade, colorido e beleza do original. É, a meu ver, uma das mais corretas e respeitosas obras escritas tendo como base a ópera ‘Carmen’ de Bizet”, completa Silvio.
O diretor do Ballet do TMRJ, Hélio Bejani, faz coro: "Além do ineditismo deste Ballet Carmen no Brasil, destaco como principal importância para nossa companhia, a possibilidade de experimentar o especial estilo do renomado coreógrafo Roland Petit, que une, com extrema competência e refinamento, técnica e interpretação. Ele cria uma atmosfera perfeita para que bailarinos e público deslizem de suas próprias realidades e realmente se envolvam com o espetáculo".
Solistas convidados
• Sabrina Brazzo
Formada na Escola de Dança do Teatro Scala de Milão, Sabrina Brazzo é primeira bailarina da companhia italiana protagonizando um repertório de obras e coreógrafos tão diversos como ‘A megera domada’ (John Cranko), ‘Now and then’ e ‘A dama das camélias’ (John Neumeier), ‘A sagração da primavera’ (Maurice Béjart), ‘Serenade’ e ‘Sonho de uma noite de verão’ (G. Balanchine), ‘A bela adormecida’, ‘O lago dos Cisnes’, ‘O quebra-nozes’, ‘Don Quixote’ e ‘Cinderela’ (R. Nureyev), ‘The Cage’ (Jerome Robbins) e Petit Mort (Jiri Kylian), em palcos como o Scala de Milão, Covent Garden (Londres) e Lincoln Center (Nova Iorque). Recebeu o prêmio da crítica Danza e Danza como melhor intérprete das temporadas de 1998/1999 e 2000/2001.
• Robert Tewsley
Formado no Royal Ballet School, o londrino Robert Tewsley foi bailarino principal no Ballet Nacional do Canadá, Ballet de Stuttgart e New York City Ballet e diretor no Royal Ballet. Atualmente atuando como bailarino free lancer, é constantemente convidado para se apresentar com suas ex companhias e ainda com o Ballet da Ópera Estatal de Viena, La Scala de Milão, Novo Teatro Nacional de Tóquio, Ballet Santiago do Chile e Royal Winnipeg Ballet, para citar alguns. Dançou com Márcia Haydée um pas de deux de ‘Penelope’, criado por Christian Spuck, para uma produção de televisão. Em seu repertório, estão papéis como Siegfried, em ‘O lago dos cisnes’, Oberon, em ‘The Dream’, Romeu, em ‘Romeu e Julieta’, e ‘Onegin’, de John Cranko, ‘A Bela adormecida’, de Nureyev, e ‘O despertar da primavera’, de John Neumeier, entre outros. Foi eleito o bailarino do ano, em 2002, pela revista Dance Europe, e indicado duas vezes para o prêmio Benois de la Dance por suas interpretações de Albrecht, em ‘Giselle’, e ‘Apollo’.
• Andrea Volpintesta
O italiano iniciou seus estudos de dança em Cosenza, onde nasceu em 1976. Em 1994 e 1995, venceu o concurso ‘Scarpetta D’oro’, em Montecarlo, e foi premiado no Concurso Internacional de dança da cidade de Rietti. Desde 1997, atua no Balé do Teatro Scala de Milão como solista e primeiro bailarino, onde desenvolveu repertório de obras como Giselle, Ondine, Romeu e Julieta, Onegin, The Cage, A bela adormecida, Don Quixote e O Lago dos Cisnes, entre outros. Ao lado de Sabrina Brazzo, dançou Carmen, de Roland Petit, no Scalla de Milão, e Aida, de Zeffirelli, na The Israeli Opera, de Tel Aviv, e NHK, de Tóquio, entre outras produções.
SERVIÇO
‘Soft opening’ do TMRJ
Ballet e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal
Programa: ‘Carmen’
Música: Georges Bizet
Coreografia: Roland Petit
Direção do Ballet do TMRJ: Hélio Bejani
Apresentando: Sabrina Brazzo (Carmen), Robert Tewsley (José) e Andrea Volpintesta (José) – convidados - e Claudia Mota (Carmen)
Regência: Silvio Viegas
Dias 2 e 9, às 16h
Dias 5, 7, 8 e 9 de maio às 20h
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Praça Floriano, s/nº - Centro
Preços:
Plateia e balcão nobre – R$ 42,00
Balcão superior – R$ 30,00
Galeria – R$ 12,00
Camarotes (5) – R$ 210,00
Frisas e camarotes (6) – R$ 252,00
Desconto de 50% para estudantes e idosos
Classificação etária: Livre
Informações: (21) 2332-9191 / 2332-9005
Ticketronic: 21 3344-5500 ou site www.ticketronic.com.br
Programação de maio
Dia 2, às 21h
Dresdner Philharmoniker com Frühbeck de Burgos
Dia 6, às 20h e 16, às 17h
Orquestra Petrobras Sinfônica
Dia 8, às 16h; 15, 21 e 22, às 20h e 23, às 11h
Orquestra Sinfônica Brasileira
Dia 9, às 11h
Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem
Dia 10, às 20h
Eva Yerbabuena
Dia 22, às 16h
Oslo Camerata
Dia 29, às 20h
Ópera Il Trovatore