domingo, 18 de abril de 2010

"Nara" - espetáculo homenageia a musa da bossa nova

Nara, estrelado por Fernanda Couto, faz reverência à musa da bossa nova
Fotos: Lenise Pinheiro
O espetáculo musical “Nara” – estrelado por Fernanda Couto - estreia dia 21 de abril, quarta-feira, no Teatro Augusta, às 21 horas. A montagem retrata a trajetória da cantora Nara Leão, musa da bossa nova, reverenciando esta grande artista por meio de uma seleção musical, que ilustra mais de 25 anos de carreira.

A direção é de Márcio Araújo que também assina a dramaturgia, ao lado de Fernanda Couto. Pedro Paulo Bogossian é responsável pela direção musical do espetáculo, que tem cenografia de Valdy Lopes e figurino de Cássio Brasil. No elenco, além de Fernanda, estão em cena Rogério Romera, Sílvio Venosa e Rodrigo Sanches.

“Nara” é um espetáculo delicado e elegante como a bossa nova. Canta a trajetória musical de Nara Leão e desvenda suas várias facetas de mulher, seu envolvimento político e suas posições artísticas. Nara descobre e ajuda Chico Buarque, Maria Betânia, Fagner e tantos outros artistas. É a musa da bossa nova, mas se abre para o Tropicalismo, grava sambas do morro, Roberto & Erasmo e até versões de clássicos americanos.

“É um musical de câmara, genuinamente brasileiro, que não busca referências na Broadway, e sim encontra nosso próprio caminho; mostra a relevância de uma música que nasceu aqui e ganhou o mundo: a bossa nova”, afirma o diretor Márcio Araújo.

A atriz Fernanda Couto foge da caricatura de Nara Leão e constrói a sua Nara pela essência, calcada em uma pesquisa de mais de quatro anos. “Identifico-me com sua sonoridade. Apesar da diferença física, há um sentido na música de Nara que me deixa muito próxima dela”. Revela Fernanda que, acompanhada por três músicos-cantores-atores, representa os principais acontecimentos da vida da cantora, como a peça “Opinião”, o período da repressão e o auto-exílio, até ganhar o mundo com a sua força e doçura. Segundo o diretor, "Nara" é uma respeitosa homenagem a esta artista da maior importância para a música brasileira, que tanto ensinou com suas posturas perante o sucesso, os amigos e a luta pela vida.

A montagem “Nara” é dividida em momentos que sintetizam e pontuam as fases mais representativas da trajetória musical da artista. Textos sobre Nara Leão e depoimentos concedidos por ela à imprensa costuram, de forma sutil e delicada, o caminho que a cantora percorreu na história da música popular brasileira. O foco da montagem está na sua vida profissional e nas canções que interpretou: escolhas certeiras que refletiram na história da música brasileira.

O enredo de “Nara” relembra cerca de 20 canções inesquecíveis, imortalizadas pela musa: “Diz Que Fui Por Aí” (Zé Kéti e H. Rocha), “Opinião” (Zé Kéti), “Insensatez” (Jobim & Vinícius) “A Banda” e “Com Açúcar, Com Afeto” (Chico Buarque) e “João e Maria” (Chico Buarque e Sivuca), entre outras.

Fernanda Couto conta que, em 2007, iniciou uma pesquisa de repertório de músicas da MPB sem grandes pretensões. A figura de Nara apareceu nesse processo e, depois de ler a biografia da cantora escrita por Sergio Cabral, encantou-se e redescobriu Nara Leão: a artista e a personalidade brasileira. Elaborou, então, um roteiro para o espetáculo e convidou Márcio Araújo para dirigir e ajudar na dramaturgia do texto. “Não queria nada muito didático”, diz a atriz. “Pedro Paulo Bogossian é um diretor musical muito sensível; ele agregou elementos artísticos à bossa do nosso espetáculo”. Finaliza.

Espetáculo: Nara
Texto: Fernanda Couto e Márcio Araújo
Direção: Márcio Araújo
Direção musical Pedro Paulo Bogossian
Elenco: Fernanda Couto, Rogério Romera, Sílvio Venosa e Rodrigo Sanches.
Cenografia: Valdy Lopes
Design sonoro: Luciano Manson
Iluminação: André Boll
Figurino: Cássio Brasil
Direção de produção: Beti Antunes
Produção executiva: Renato Araújo
Estreia: 21 de abril – quarta-feira – às 21 horas
Local: Teatro Augusta – www.teatroaugusta.com.br
Rua Augusta, 943 – Cerqueira César/SP – Tel: (11) 3151-4141
Ingressos: R$ 30,00 (¹/2 entrada: R$ 15,00)
Temporada – quartas e quintas-feiras – às 21 horas – De 21/04 a 24/06
Duração: 60 min. – Gênero: Musical - Classificação etária: Livre - Capacidade: 302 lugares
Bilheteria: 4ª a 6ª (a partir de 14h); sab. e dom. (a partir de 15h) – Reservas por telefone: 4ª a sab. (15h às 19h) e dom. (15h às 17h) - Aceita cheque, dinheiro e cartões (MC, D, RS)
Ingresso Rápido 4003-1212 – www.ingressorapido.com.br.
Ar condicionado - Acesso universal.

Nara Leão

Tímida e reservada, Nara Leão é considerada por muitos uma antiestrela por ter sido uma pessoa simples e pouco vaidosa, mas, para surpresa da maioria, revelou-se uma cantora corajosa, ousada e intuitiva. Em 25 anos de carreira e 47 de vida, Nara enfrentou a ditadura, com sua voz lançou artistas como Chico Buarque, Martinho da Vila e Fagner, cantou a bossa de uma geração. Nara Leão nasceu em Vitória, ES, e com apenas um ano foi morar em Copacabana, RJ. Incentivada pelos pais, a cantora estudou balé, artes e violão, mas acabou se apaixonando mesmo, ainda garota, pela música. Adolescente precoce, aos 15 anos já recebia em sua casa, quase diariamente, músicos jovens e veteranos, inclusive Tom Jobim. Abandonou o cenário musical na manhã de 7 de junho de 1989, vítima de uma doença aos 47 anos. Seu último disco foi My Foolish Heart, lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.

Fernanda Couto

Atriz formada, em 1994, pela Escola de Arte Dramática da USP (EAD/ECA/USP). Entre 1984 e 1987 participou, em Florianópolis, do Grupo de Teatro de Repertório do SESI de Santa Catarina, dirigido por Margarida Bayard. Em São Paulo, desde 1990, ela já trabalhou com os diretores Naum Alves de Souza, Gianni Ratto, Iacov Hillel, Eliana Fonseca, Rodrigo Santiago, Johanna Albuquerque, Odavlas Petti e Mauro Baptista Vedia, entre outros. Entre 2007 e 2009, integrou o elenco da peça A Festa de Abigaiu, texto de Mike Leigh e direção de Mauro Baptista Vedia. A peça foi reconhecida pela crítica e pelo público como um dos melhores espetáculos dos últimos anos e ganhou o 11º Festival da Cultura Inglesa.

Na televisão, seu último trabalho foi na minissérie Som e Fúria (Rede Globo), do diretor Fernando Meirelles. No cinema, atuou nos filmes, de Marcelo Galvão, Bellini e o Demônio e Quarta B, premiado como melhor longa metragem de ficção brasileira na 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2005). No universo da música erudita participou de diversas vesperais líricas do Theatro Municipal de São Paulo ao lado de cantores do porte dos sopranos Graziela Sanches e Heloísa Junqueira e do baixo Carlos Eduardo Marcos, entre outros grandes nomes. Além de atuar como atriz e narradora nos recitais, assinou a direção cênica da ópera La Serva Padrona e da cantata cênica L’Enfant Prodigue.

Márcio Araújo

Márcio Araújo é autor, ator, diretor, produtor. Sua trajetória eclética passa pelo teatro, televisão e literatura. É responsável pelo texto e direção de várias montagens, entre elas: Carnaval dos Animais, da obra de Camille Sans-Saens com a orquestra do Teatro Municipal de São Paulo; Bagun SA, musical de circo com Carlos Moreno; Não Esqueça de Aguar as Plantas, com Ewerton de Castro e Flávia Pucci; e Guarda Roupa de Histórias, que obteve cinco indicações ao Prêmio Coca-Cola, na qual também atuou.

Na televisão, criou mais de 500 roteiros para o programa infantil Cocoricó, da TV Cultura, onde também dirigiu Profissão Professor. Assinou roteiro e direção de Ao Ponto Remix com Jairo Bouer, parceria da TV Cultura com o Canal Futura para o público adolescente. Outros destaques são: Brazil’s Next Top Model (Sony, roteirista), TV Xuxa (Rede Globo, autor), A hora é Agora (novela para Microlins) e Zapping Zone (Disney Channel, diretor de criação e roteirista). Márcio Araújo é autor dos livros Figurinha Carimbada (Ed. Girafinha), indicado ao Prêmio Jabuti 2009, O Sorriso de Alípio (Ed. Globo) e Não Esqueça de Aguar as Plantas (livro da peça teatral).

Pedro Paulo Bogossian

Compositor, diretor musical, preparador vocal, pianista, Pedro Paulo Bogossian é um dos fundadores e principais integrantes do grupo Circo Grafitti e colaborador constante do Grupo do TUSP. Formado em música, Bogossian estreou em teatro, em 1989, no musical Você Vai Ver o Que Você Vai Ver, de Raymond Queneau e direção de Gabriel Villela, realização que marca o surgimento do Circo Graffiti.

Em 1991, ganhou o Prêmio Apetesp de composição por Enq, o Gnomo, de Marcos Abreu, com direção de Marco Antônio Rodrigues. Pelo Almanaque Brasil, de Noemi Marinho, ganhou o Prêmio Apetesp (de composição e trilha sonora) e o Prêmio APCA (de direção musical), em 1993. No mesmo ano, foi premiado novamente pela composição de Ifigônia, de Mário Vianna, direção Roney Facchini, outra produção do Circo Grafitti. Em 1994, Bogossian concebeu a trilha e atuou em O Rei de Copas, de Rubens Rewald, direção de Cristiane Paoli-Quito. Em 1998, participou de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis com encenação de Regina Galdino, e dirigiu as composições e preparações vocais do Grupo do TUSP, dirigido por Abílio Tavares. Ainda com o Circo Grafitti, Bogossian foi premiado nos palcos europeus com Gato Preto.