Os músicos profssionais formam um grupo vulnerável para certas doenças ocupacionais. Pelo menos é o que apontam algumas pesquisas realizadas com base no seu estilo de vida. Traumas por excesso de movimentos repetitivos, problemas nas cordas vocais, ouvidos expostos a altas taxas de decibéis e desconforto pela má postura que a condução do instrumento causa são os casos que mais interferem na saúde deles.
Uma pesquisa promovida por membros das Universidades Federais de Santa Catarina (UFSC), Paraná (UFPR) e de Santa Maria (UFSM) revelou que músicos, com medo de perderem oportunidades de trabalho num mercado tão restrito, intensificam a quantidade de horas trabalhadas e aceitam conviver com dor e desconforto. Com o tempo, esse desconforto simples, mas ignorado até então, pode desencadear num agravamento muito maior fazendo com que o profissional fique efetivamente impossibilitado de trabalhar.
Para a música Brasileirinho, de Waldir Azevedo, chegar à tamanha perfeição, por exemplo, se fez necessário muitas horas de dedos ágeis nas cordas do cavaquinho e muita prática para criar este que é o chorinho mais famoso do país. Consumindo articulações, músculos, ouvidos e cordas vocais do músico, a dedicação e a repetição exaustiva, em casos assim, provocam males que exigem uma preocupação maior com a saúde do profissional. O professor de canto, Rafael Barreiros, condena a falta de descanso da voz como um dos piores fatores que levam à rouquidão e à perda total dela. “Muitos músicos trabalham durante a noite e não dormem direito. Some a isto fatores como ambiente barulhento, ar seco (devido ao ar condicionado), poluição e maus hábitos, o cantor sentirá a necessidade de forçar suas cordas vocais para tentar alcançar o pouco que perdeu de um dia para o outro”. Segundo ele, dali um tempo, o artista ganhará calos, nódulos e cistos na garganta e precisará fazer tratamento ou até cirurgia, como é o caso de Gilberto Gil e Zezé de Camargo.
A audição dos músicos também é prejudicada. Quando se fazem úteis e necessários ouvidos extremamente apurados e sensíveis, como é o caso dos afinadores e regentes, nem sempre o próprio ambiente de trabalho ajuda. A taxa de decibéis gerada pelo uníssono de violinos, flautas, percussão e metais implica num sério risco de destruição gradativa do sentido. Tem ainda os cantores de rock e os artistas de trio-elétrico que ficam expostos a uma taxa de 116 decibéis, enquanto que o nível normal recomendado para se ter ouvidos saudáveis é de 20 decibéis. Este é um problema que só foi piorando ao longo do tempo com a tecnologia e a capacidade cada vez maior de se amplificar o som. Nos anos 60, a capacidade de potência era próximo a 100 watts, mas nos anos 90 esse número já subiu para 500 watts.
No Brasil, 88% dos músicos de corda reclamam de desconforto físico gerado por sua atividade. As queixas são principalmente de dores nas costas, pescoço e ombro esquerdo, segundo a pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já uma outra pesquisa, feita pela Universidade do Texas, nos EUA, apontou que 75% dos profissionais desta área sofrem de algum problema de saúde ocupacional.
Yumi Kaneko, médica do serviço de reabilitação física do Sesi, que tem um trabalho voltado para s músicos, em entrevista para a Folha de São Paulo, afirmou que “não existe nenhum instrumento musical que seja ergonomicamente adequado”. Alguns tipos de doenças, como problemas na coluna e lesões específicas, são comuns em pianistas e flautistas. Já tocadores de tumba, por exemplo, podem sofrer até de hipertensão graças à pressão que o fluxo de ar exigido pelo instrumento promove no organismo.
Foi observado também, durante a jornada de trabalho, que apenas 9,09% dos músicos realizam alongamentos antes e depois das atividades musicais. Além disso, muitos deles não têm condicionamento físico necessário para suportar atividades extramusicais estressantes e desconhecem atividades compensatórias para a musculatura.
“É comum músicos e musicistas não procurarem auxílio de profissionais da saúde, até porque não possuíam um produto específico para essa categoria com vantagens especiais, como a OMB está oferecendo agora”, comenta o professor Roberto Bueno, presidente da Ordem dos Músicos do Brasil.
Recentemente, a entidade firmou uma parceria com a seguradora NotreDame, que passou a oferecer um seguro saúde aos associados até 40% mais barato que os preços encontrados no mercado, considerando apólices com o mesmo perfil.
A cobertura envolve consultas, exames, internações clínicas, cirúrgicas e obstétricas. Cirurgia refrativa oftalmológica, assistência em viagens, acupuntura, fisioterapia, acidente de trabalho, além de descontos nas principais drogarias de São Paulo, também fazem parte dos planos.
O baterista Nenê, que integrava o grupo Os Incríveis, pagava o plano que a outra instituição oferece. Ele conta que considera o plano muito ruim, e reconhece que merecia algo melhor: “A gente é maltratado, é uma completa desorganização. Eu acho ótima essa oportunidade de ter agora um plano decente, porque esse que nós tínhamos disponíveis era, sem duvida, muito ruim.”
O plano de saúde oferecido pela NotreDame, terá preços a partir de R$ 93,95 mensais e envolve quatro modalidades diferentes de contratação: Plano Standart, Special, Executive ADI e Exclusive ADI. Para contratar o produto, basta apresentar um comprovante de associado da OMB-SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário