domingo, 12 de dezembro de 2010

Feira Música Brasil 2010 encerra terceira edição com sucesso em Belo Horizonte

Gilberto Gil, Otto, Andreas Kisser, Lenine e Ná Ozzetti encabeçaram a maratona de shows que levou 18 mil pessoas à Funarte MG, em meio a palestras, debates e uma estimativa de R$ 60 milhões gerados nos Encontros de Negócios

A Feira Música Brasil 2010, maior evento do gênero na América Latina, que ocorreu de 8 a 12 de dezembro em Belo Horizonte, encerra as atividades comemorando a contribuição e resultados conquistados para o mercado da música nacional.

A estimativa de negócios gerados na edição deste ano é de R$ 60 milhões, quase 20% a mais que no evento anterior. Cerca de 18 mil pessoas curtiram as quatro noites de shows no palco principal, montado na Funarte MG, com parte dos artistas selecionados por edital.

Além das apresentações musicais, a programação da FMB desdobrou-se em Painéis e Debates, Encontros de Negócios, Oficinas de Capacitação e uma ampla variedade de shows e discotecagens em sete casas associadas para a programação noturna, a FMB Noite Adentro.
A FMB é uma iniciativa do Ministério da Cultura, realizada pela Funarte com a parceria das 16 entidades do setor que compõem a Rede Música Brasil. O evento cumpre papel essencial na articulação e no fortalecimento da cadeia produtiva da música, como ilustra a Carta de BH (leia abaixo), documento com as diretrizes e prioridades do setor para 2011, elaborado conjuntamente por um colegiado formado pelas entidades da Rede Música Brasil.

Belo Horizonte foi a primeira cidade a receber a edição itinerante da Feira Música Brasil, seguindo o objetivo dos organizadores de levar a Feira a cada capital brasileira.

Ao todo, o evento promoveu 99 shows na cidade, somados os 39 artistas selecionados pelo edital da Feira e convidados. Nomes consagrados como Gilberto Gil, Otto, Andreas Kisser (que homenageou Minas Gerais, levando dez músicos mineiros ao palco), Lenine e a grande surpresa de sábado, Elza Soares (em participação surpresa no show do Otto, ao lado de Bebel Gilberto e Lirinha) alternaram-se com artistas expressivos da cenário interdependente, como Mestres da Guitarrada (PA), Warley Henrique (BH), Maestro Ademir Araújo e Orquestra Popular do Recife PE), Cabruêra (PB), Lucas Santtana (BA) e Renegado (BH).
Artistas e DJs se apresentaram no circuito da FMB, estendido para as casas noturnas Lapa Multshow, A Obra, Na Sala, Nelson Bordello, Mercado Novo e Recanto da Seresta. A Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes, foi palco dos editados para músicas de concerto. O viaduto Santa Tereza concentrou as apresentações de MCs e bandas da nova cena do rock mineiro.

Já os apaixonados por cinema também foram contemplados com a agenda da Feira e puderam assistir a filmes relacionados à música, no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes.

O auditório montado na Funarte recebeu cerca de duas mil pessoas, que se cadastraram pelo site da FMB para participar dos 18 Painéis e Debates.

Outro destaque foi o Encontro de Negócios, uma oportunidade única para os artistas fazerem contato e realizarem negócios com importantes empresários nacionais e internacionais de gravadoras, selos, diretores de festivas e contratantes de shows.

O encontro reuniu 600 inscritos e 76 empresas, totalizando uma estimativa de 7 mil contatos feitos entre os participantes.

A previsão é que, em 2011, se movimente mais de R$ 60 milhões na economia da cultura, provenientes dos Encontros de Negócios promovidos pela FMB. Em pesquisa feita com os participantes dessa atividade, a organização do evento constatou que 80% deles avaliaram a iniciativa como boa ou ótima. "Estes números comprovam o sucesso da metodologia que inverteu a lógica tradicional em que os artistas procuravam as empresas; agora, as empresas buscam os artistas," afirma James Lima, subcoordenador da área.


O Conservatório de Música sediou as Oficinas de Capacitação, das quais participaram 268 pessoas do meio musical interessadas em se atualizar sobre temas, como Capacitação em Produção Cultural, Direitos Autorais e Como Trabalhar Música nas Escolas.


A Feira Música Brasil também arrecadou mais de 7 toneladas de alimentos não-perecíveis para o Mesa Brasil Sesc, um programa sustentável de segurança alimentar e nutricional. A organização incentivou o público a doar um quilo de alimento na compra dos ingressos. A distribuição será feita a 120 instituições filantrópicas da Região Metropolitana de Belo Horizonte, credenciadas ao programa.

Abaixo, os dez pontos essenciais com ações estratégicas do setor para 2011, consolidados na Carta de Belo Horizonte:

CARTA DE BELO HORIZONTE

Reunidos em Belo Horizonte, durante a III Feira Música Brasil 2010, as entidades componentes do Conselho da Rede Música Brasil, principal interlocutor hoje do segmento da música brasileira com o poder público, reconhecem que houve muitos avanços, nos últimos quatro anos, em busca da consolidação de uma política pública estruturada e estruturante para o setor.
A Carta do Recife, em dezembro do ano passado, foi um marco neste sentido, quando sociedade civil e governos se uniram na busca das soluções para os diversos gargalos da cadeia da música. Reconhecendo que muito foi feito, mas que ainda falta muito a conquistar, elaboramos hoje uma pauta que é a expressão do que pensam e reivindicam as entidades deste Conselho.

10 PONTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA POLÍTICA PERMANENTE PARA A MÚSICA NO BRASIL

1- Agência
A Criação da ANM – Agência Nacional da Música continua sendo um ponto fundamental para que este desenho possa se materializar numa política de Estado.

2- Fomento
Consolidar e ampliar o Fundo Setorial da Música integrado ao Fundo Nacional de Cultura. Lutar pela plena aprovação e posterior implementação do Pró-Cultura e participação efetiva na regulamentação do Fundo Setorial da Música;

3- Marcos Regulatórios
Estabelecer um novo marco regulatório trabalhista e previdenciário e desonerar a carga tributária para o setor criativo e produtivo da música.

4- Direito Autoral
Após encerrada a consulta pública, avançar na revisão da Lei de Direito Autoral e trabalhar pela sua aprovação.

5- Formação
Regulamentar imediatamente a Lei 11.769/2008 que institui a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas e dar continuidade em todas as macro-regiões aos seminários de discussão sobre a sua implementação.

6- Mapeamento
Promover o mapeamento amplo e imediato de toda a cadeia criativa e produtiva da música. Incluir o setor da música na matriz insumo-produto utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

7- Comunicação
Garantir a execução da diversidade da música brasileira nos meios de comunicação e fortalecer as redes de emissoras públicas, comunitárias e livres, como canais de divulgação da música brasileira. Criação e fortalecimento dos conselhos de comunicação nas três esferas governamentais;

8- Redes
Estimular e fomentar a formação e organização de redes associativas no campo da música, pautadas nos princípios da economia solidária. Atribuir á Feira Música Brasil e as Feiras Regionais de Música papel crucial na interligação entre as diferentes redes, incluindo os parceiros internacionais, o mercado e as instituições.

9- Circulação
Consolidar, fortalecer e fomentar ações de circulação através das redes de festivais, feiras, casas e espaços de apresentações musicais em sua diversidade. Criar mecanismos que assegurem divulgação, acesso do público aos espetáculos e formação de plateias.

10 – Exportação
Criar um escritório de exportação da música brasileira para fomentar às ações existentes, assim como regulamentar os mecanismos legais para a exportação.



O conselho da Rede Música Brasil é composto pelas seguintes entidades: ARPUB, ABEART, Academia Brasileira de Música, ABRAFIN, ABEM, ABER, ABPD, ABMI, Circuito Fora do Eixo, Cufa, Fórum Nacional da Música, Federação das Cooperativas de Músicos, BM&A, Fenamusi, UBEM e Colegiado Setorial de Música.

Serviço:
3 ª Feira Música Brasil
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais
Data: de 8 a 12 de dezembro
Atrações: shows das bandas selecionadas por edital e artistas convidadas, Painéis de Debates, Oficinas de Capacitação e Encontros de Negócios.
Local e quantidade de shows: 99, distribuídos na Funarte (de 8 a 11 de dezembro); e de 7 a 12 de dezembro, nas casas Lapa Multshow, A Obra, Na Sala, Nelson Bordello, Mercado Novo, Recanto da Floresta, Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes e Viaduto Santa Tereza.
Público dos shows na Funarte e demais atividades, exceto as apresentações nas casas associadas à Feira: cerca de 18 mil pessoas.
Oficinas de Capacitação: público, 268 participantes. Temas na programação exposta no site www.feiramusicabrasil.com.br. Entre as atividades, está o projeto Periferia Áudio, que consiste na gravação de uma coletânea com 11 bandas da periferia de Belo Horizonte.
Encontros de Negócios: 600 inscritos e 76 empresas participantes. Estimativa de negócios a serem gerados: R$ 60 milhões, 20% a mais do que o evento anterior.
Painéis e Debates: foram 18, com público de cerca de duas mil pessoas.

Fonte: Sheila Teixeira

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