segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Criando âncoras musicais

Por: Alexandre Bortoletto

A audição é um sentido muito rico, ainda que nem sempre prestemos a devida atenção. E a modalidade sensorial auditiva é uma poderosa fonte ancoradora. Outro dia estava assistindo "Rocky IV" e, de repente me surgiu a ideia de apertar a tecla "mudo" do meu controle remoto. O que aconteceu foi bem interessante: as cenas de treino e de luta, geralmente inspiradoras e emocionantes, perderam a graça.

A música chamada "pano de fundo" ou incidental nos filmes funciona como uma âncora, ou seja, um estímulo específico que gera lembranças e estados físicos e mentais. A âncora pode ser uma palavra ou som, uma imagem e até mesmo uma sensação tátil. Reveja as cenas finais de grandes sucessos como ET ou Titanic sem suas músicas: será que esses filmes ainda seriam premiados ou atrairiam tanta bilheteria? Quem nunca se pegou cantarolando o jingle do comercial de TV? Ou se entristeceu com a musiquinha do Fantástico no fim do domingo?

Não existe música ruim, apenas música usada em contextos errados. Toda música tem um tempo, um ritmo, como toda experiência tem uma sequência de submodalidades, que são as qualidades sensoriais percebidas em cada um dos cinco sentidos, como cor, forma, movimento, volume, textura, temperatura, etc. É você que dá a cada batida um significado. Talvez não seja indicado ouvir Sepultura na hora de dormir, ou Bach na balada, e com certeza o "Adágio em Sol Menor" de Tomazo Albinoni não vai inspirar nenhum abdominal. Todos esses estilos podem ser explorados na criação de âncoras para o dia a dia, com o objetivo de melhorar o humor e tornar as tarefas mais prazerosas.

Como criar tudo isso? É muito simples. Para gerar uma âncora auditiva basta gerar um condicionamento estímulo-resposta direto. Podemos, por exemplo, criar um estado de concentração ao som de Tom Jobim e a partir daí mantê-lo como companhia na hora de estudar para os exames. Ou tocar a música que nos dá energia na academia para espantar o sono na hora de acordar. Vale ancorar músicas agradáveis para almoçar, dormir, dirigir (e enfrentar o trânsito de bom humor), trabalhar, meditar, estudar... Tudo na sua vida pode ter um fundo musical e todas as suas experiências podem ser como as cenas finais de um grande filme.

Alexandre Bortoletto é instrutor da SBPNL – Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística

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