domingo, 21 de agosto de 2011

RONALDO DIAS - ENTREVISTA REVISTA MÚSICO

Ronaldo Dias - Foto: Ribas Martins
Ele é um profissional multidisciplinar e atua no ramo da música em várias vertentes. Professor, estudioso, coleciona diplomas de diversas disciplinas como canto, violão, estética, psicologia, pedagogia, pós graduação em educação musical e arte educação, entre outros. RONALDO DIAS é professor de música há 30 anos, trabalha por conta própria e dá conta sozinho de 52 alunos. Seu diferencial está em descobrir as necessidades de cada aluno, procurando se especializar em diversas áreas.
O gosto pela música surgiu na adolescência e a certeza de que queria ser músico ficou constatada quando Ronaldo assistia aos shows do Lira Paulistana na década de 80. Entre os seus mestres estão: Ulisses Rocha, Paulo Porto Alegre, Hans Joachim Koellreutter, Sérgio Bizetti, Claudio Leal Ferreira e Roberto Sion.
Ele ministra aulas de iniciação musical para crianças em escolas particulares, apresenta vídeo aulas pela internet para alunos de diversos estados e exterior (via Skype); faz pré-produções em seu estúdio localizado na zona norte, realiza palestras e vivências em empresas, escreve artigos literários, enfim, ‘se vira nos 30’ – e consegue manter um excelente padrão de vida.
A divulgação é feita através de parcerias com lojas de instrumentos musicais e escolas de música, aonde a troca de indicações é o ponto alto para a aquisição de novos clientes e alunos.
“Sem ter uma banda e sem estar na mídia, trabalhando direito é possível sobreviver bem através da música” garantiu o professor. Mas nem tudo foi flor na vida do músico. Durante a gestão de José Sarney, a crise assolava o Brasil e a alta inflação prejudicava a todos, principalmente os profissionais autônomos. Com isso, os alunos de Ronaldo abandonaram os seus cursos e ele não tinha nem como pagar a faculdade. Só restou a hipótese de arranjar um emprego em outra área. Trabalhou em banco e na Folha de São Paulo como pesquisador. Enquanto trabalhava na “Folha”, foi subindo de cargo e aproveitou a oportunidade que a empresa oferecia para bancar os seus estudos. Nesta época, ele trabalhava, estudava e ainda arranjava tempo para tocar. Quando surgiu a Universidade Livre de Música em São Paulo, Ronaldo Dias foi convidado para dar aulas e trocou de emprego, mas não contava com mais uma dificuldade que estaria por vir... Com a troca de governo entre Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho, a ULM ficou sem receber dinheiro e ele e seus colegas receberam seus salários somente seis meses depois. Numa época de altíssima inflação, os professores de música tiveram que ‘se virar’ e arranjar um jeito de ganhar dinheiro até que saísse o pagamento atrasado. Os que estudavam, tiveram que trancar matrícula na faculdade. Sendo assim, voltaram a dar aulas particulares e tocar na noite paulistana. “Foi uma fase extremamente legal, mas difícil também”... Salientou. Após a normalização dos salários, Ronaldo Dias prosseguiu com seus estudos. Além da ULM, ministrou aulas no Conservatório Musical do Brooklin Paulista e Conservatório Souza Lima, além de tocar MPB (o seu gênero preferido) na noite Paulista. Quando o movimento “Sertanejo” explodiu em São Paulo, muitos músicos de MPB e outros gêneros perderam espaço e mais uma vez, tiveram que se adequar às dificuldades da época desenvolvendo novas habilidades, passando a tocar em bandas sertanejas, o que com certeza os tornou mais seguros e ecléticos na profissão.
Uma indicação aqui, outra ali e hoje ele possui uma lista enorme de ex-alunos, dos quais se orgulha: Junior (da dupla Sandy & Junior, Pixu Flores (percussionista), Ubaldo Versolato (Banda Mantiqueira e Jazz Sinfônica), Jane e Herondi, Sérgio Duarte (Gaitistas de Blues), Marcelo Rodrigues, Marcio Abdo (Gaitistas de Blues), entre outros e atribui esse sucesso à versatilidade de aprendizado em instrumentos e estilos que conquistou com o decorrer dos anos. Uma dica que ele sempre dá para os seus alunos é “aprenda a tocar vários instrumentos e estilos”, segundo ele, isso amplia o leque de recursos para a sustentabilidade da profissão e sempre há de ter uma porta aberta para o trabalho em tempos de crise.
“Já passei por muitas dificuldades, descia pela porta de trás do ônibus para ir estudar; enquanto músico, muitas vezes fui discriminado por não ter como comprovar renda, ter uma carteira assinada ou holerite, imposto de renda, etc... Mas nunca pensei em desistir... quando você faz uma coisa que gosta, pode até não ter um resultado financeiro extraordinário, mas o retorno com o tempo, sempre será satisfatório. Orgulho-me em dizer que tudo o que conquistei, desde o meu equipamento até a minha casa, foi através do trabalho de músico, por isso em nome da música, nunca deixarei de prosseguir com meus estudos”.

Contato: 11 2977-0775 / 9221-2818 – www.ronaldodias.com.br
Julho/2011 – Reportagem: Claudia Souza – Imagens: Ribas Martins – Revista Músico n. 11

VÍDEO DA ENTREVISTA



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