domingo, 4 de março de 2012

GRUPO COMBOIO lança “Narrativas de Sobrevivência”

O Grupo Comboio lança o quarto CD de sua carreira, Narrativas de Sobrevivência, no dia 09 de março, às 11h, no teatro do SESC Pompeia, em São Paulo.

Integrante do coletivo Movimento Elefantes este é o primeiro CD que o grupo lança pelo selo Elefantes -- inaugurado em 2010 para difundir a música instrumental das 10 big bands paulistas que integram o coletivo. Pelo selo já foram lançados 8 CDs -- das bandas Projeto Meretrio, Banda Jazzco, Projeto Coisa Fina, Banda Urbana, Soundscape Big Band, Big Band da Santa, Orquestra HeartBreakers e o “CDÊ – Movimento Elefantes” com uma música de cada banda do coletivo.

Grupo Comboio: de experimentação à resistência

Transitando entre uma big band tradicional com 18 integrantes e uma pequena formação com sopros e seção rítmica, o Grupo Comboio encontrou um formato híbrido que lhe deu uma personalidade particular unindo a potência sonora e os recursos timbrísticos de uma big band à sutileza e fluidez que caracterizam um conjunto menor.

Com 4 saxofones (que também tocam flauta), 2 trompetes, 1 trombone e seção rítmica formada por: piano, guitarra, contrabaixo, bateria e percussão, a formação do Grupo Comboio por si só já impõe à banda o desafio de buscar uma música fora do lugar comum.

Nascido em 1998, e com dois CDs lançados - Sarado (2002) e Comboio (2005) –, o grupo já passou por diversas fases de produção artística. Até o ano de 2002 o grupo viveu um período de consolidação da sua formação, resultando na produção de seu primeiro CD. De 2002 a 2005 o grupo teve sua configuração alterada com a entrada de mais um integrante e na mesma época, ocorreram transformações na concepção estética - resultantes de um processo natural de amadurecimento de cada músico e da consolidação de uma personalidade de grupo. A partir de então, o grupo continuou esse processo que veio a culminar na realização do disco Narrativas de Sobrevivência.

Narrativas de Sobrevivência

Após 14 anos de estrada o Grupo Comboio optou por contar musicalmente os caminhos, aventuras e dificuldades vivenciadas durante sua trajetória. Inteiramente autoral, Narrativas de Sobrevivência é uma clara referência aos constantes esforços para que o grupo continue produzindo, independentemente das exigências do mercado fonográfico. Acima das já conhecidas dificuldades enfrentadas por grupos de música instrumental no Brasil, o Grupo Comboio optou por resistir e seguir mostrando o seu jeito de fazer e lidar com a música.

Com 8 composições de integrantes da banda, que sintetizam o processo de maturação do grupo, o CD deixa à mostra a personalidade do Grupo Comboio que prioriza arranjos lineares sem deixar lado elementos de recorrência.

Outra característica marcante é que cada vez mais a confecção dos arranjos do grupo está intrinsecamente relacionada às qualidades específicas de cada um dos instrumentistas da banda, o que confere ao Comboio uma identidade sonora muito particular.

A formação característica, o repertório constituído por músicas de integrantes do grupo, os arranjos feitos por diversos músicos e a escolha estético-artística (e porque não política) proporciona uma diversidade de olhares musicais para um mesmo universo sonoro que é chamado pelo grupo de música de resistência.

Faixa a faixa por seus autores:

1 - 905 (Rui Barossi)

Quando escrevi o arranjo, queria muitas camadas de melodias diferentes que fossem se sobrepondo até gerar uma massa sonora cheia de informações que desaguasse numa melodia simples e bonita, “libertando” o ouvinte da tensão causada pelo caos anterior. A princípio a improvisação seria de um só instrumento e se desenvolveria nos dois momentos diferentes. Achei que ficaria longo demais para um só solista e então dividi em dois solos: sax soprano e guitarra.

2- SAMBA PRA DORI (Rui Barossi)

É um samba em 3 por 4 em homenagem ao compositor Dori Caymmi, que eu conheci mais tarde do que gostaria, mas cuja música me impressionou profundamente. Tanto a escolha por um samba em 3 por 4 (algo não muito usual) quanto a progressão harmônica e as ideias melódicas são bastante calcadas na sonoridade de certas “coisas” do Dori (ou pelo menos no jeito que eu as ouço). O arranjo possui diversas sessões, que vão de um improviso conjunto de pandeiro e sax alto a um solo de flugelhorn acompanhado de pandeiro, guitarra e background de sopros, passando por um momento mais livre e lírico, sempre tendo um samba delicado e balançado como guia.

3- A CHORD ON (Fernando Corrêa)

Em 1996 ao assistir um concerto do acordeonista francês Richard Galliano fiquei muito impressionado por sua musicalidade e a forma como ele interpretava as valsas francesas sobre “levada” de Jazz. No mesmo ano escrevi “A Chord On”, uma singela homenagem a este grande músico. Na ocasião em que o Grupo Comboio se preparava para gravar um novo disco, me foi sugerido que eu escrevesse um arranjo de algum tema autoral. Escolhi, então, “A Chord On” por acreditar que é uma música com a “personalidade” do Comboio.

4- TEMA DE MAIO (Rubinho Antunes)

Por Rui Barossi

Tema de Maio foi o último arranjo do músico Rubinho Antunes para o grupo antes de desligar-se do Grupo Comboio e estabelecer-se em Paris. Nós já tocamos essa música durante alguns anos, mas achamos importante colocá-la no disco em homenagem ao Antunes, que foi um dos fundadores do grupo, e um dos membros mais ativos, tanto como presença afetiva quanto estética. Tema de Maio é um samba com solos de piano, bateria e sax tenor e uma ponte antes do solo de saxofone.

5- VALSA MUDA

Originalmente composta pra ser uma canção não recebeu uma letra, e, por isso, acabou sendo batizada de Valsa Muda. O começo do arranjo é um improviso coletivo modal de toda a chamada “seção rítmica” (piano, guitarra, baixo, bateria e percussão). O desejo para esta composição era um “respiro” da hegemonia dos sopros em bandas como o Comboio. A partir daí tentei desenvolver o resto do arranjo com a delicadeza que a melodia sugeria, mas sempre procurando uma dose de contrastes. O solo de piano era originalmente de baixo. Uma curiosidade interessante: o solo de piano, na partitura, terminaria bem antes do final da música, quando ela modula e os sopros voltam a tocar a melodia. O Daniel (pianista) cometeu uma “desobediência” ao compositor e arranjador e melhorou muito a proposta inicial. Tocar em conjunto tem sempre dessas belas surpresas...

6- BABA - YAGA

“Baba-Yaga” é uma composição em 9 por 4, um compasso bem pouco utilizado. Ela partiu de uma linha de baixo e depois veio a melodia como uma espécie de contraponto. Embora pareça inspirada nas músicas do quinteto do baixista americano Dave Holland a maior referência foi o disco do baterista Jaff “Tain” Watts. A música tem uma grande dose de tensão e estranheza e, por isso, a batizei de Baba-Yaga - nome de uma bruxa eslava muito temida. O arranjo já começa com uma sequência de acordes dissonantes e tocados em fortíssimo. O solo longo e com momentos em que o solista fica sozinho é inspirado em ideias da compositora americana Maria Schneider, e me pareceu funcionar muito bem para o clima geral desse arranjo, quase como uma narrativa dentro de outra.

8- SANSÃO (Rafael Ferreira)

Samba composto no início de 2010, e gravado anteriormente em uma formação de quarteto; é a composição que abre o álbum Suíte Urbana, do Grupo Amanajé. Nesse arranjo elaborado especialmente para o Grupo Comboio, o tema é exposto de duas formas diferentes: a primeira mais leve e menos ritmada, e a segunda já mais andada e com todo o grupo participando.

Depois dos dois solos improvisados (sax alto e trompete), uma ponte ao estilo Realcino Lima "Nenê". Na finalização, um pequeno solo de guitarra, e um acorde que contrasta com todo o restante pra finalizar.


8- OLHOS ATEUS (Daniel Dias)

Por Jairzinho Teixeira (arranjador)

A canção é de Daniel Dias e a experimentamos em várias formações. Inicialmente tocamos em alguns festivais com uma banda um pouco maior que o Comboio e, em seguida, a gravamos em duo de sax-alto e violão. Quando conheci a música fiquei muito curioso com as cadências que ela continha e aprendi muito sobre Harmonia com ela. Em minha opinião, a melodia é forte e contundente. Sempre pensei em um arranjo em que os saxofones fizessem a melodia em uníssono, com os metais acentuando alguns pontos. Coloquei os compassos compostos originais da parte A somente na re-exposição do tema, depois dos solos, para dar maior visibilidade à melodia no começo do arranjo, junto com as escolhas dos timbres e da “levada” da seção rítmica.

A introdução remete a uma reflexão quanto ao nome sacro-secular da canção, com um solo lento e quase ad libitum do contrabaixo que é acolhido pelas vozes das madeiras agudas. O final com clima de escola de samba tem um caráter forte e de muita “pressão” nas vozes dos sopros e na percussão.

Músicos:

Jefferson Rodrigues – Sax Alto, Soprano, Flauta

Jorge Muller – Sax Tenor, Soprano e Flauta

Raphael Ferreira – Sax Tenor e Flauta

Jairzinho Teixeira – Sax Barítono e Flauta

Bruno Belasco – Trompete e Flugelhorn

Alessandro Ribeiro – Trompete e Flugelhorn

André Gomes – Trombone

Daniel Muller – Piano

Fernando Corrêa – Guitarra

Rui Barossi – Baixo

Guilherme Marques – Bateria

Vinícius Barros – Percussão

Movimento Elefantes

Elefantes é um movimento de bandas de sopro (orquestras ou big bands) integrado por dez grupos paulistas: Banda Urbana, Projeto Coisa Fina, Projeto Meretrio, Big Band da Santa, Reteté Big Band, Grupo Comboio, Soundscape Big Band, Orquestra HB, Banda Savana e Banda Jazzco.

É também uma iniciativa inédita, sendo a primeira vez que um coletivo de big bands se reúne para difundir e formar público para a música instrumental por meio de ações colaborativas.

Todos os grupos trabalham com músicas autorais, além de interpretarem grandes compositores brasileiros, latinos e do jazz. Apesar de contarem com uma formação instrumental parecida (saxofones, trompetes, trombones, baixo, guitarra, piano e bateria), cada grupo tem uma sonoridade e trajetória particular.

O grupo mais novo tem 4 anos (Projeto Meretrio) enquanto o mais velho, 36 (Banda Jazzco). Todos os grupos já rodaram pelas principais casas do circuito musical da cidade de São Paulo e por muitos festivais, teatros, SESCs e SESIs Brasil afora.

O Movimento Elefantes tem mobilizado o circuito de música instrumental também por ações divulgadas na internet. O Coletivo tem site próprio e está nas principais mídias sociais como o Twitter e o Facebook. O Movimento também exibe shows, por internet, ao vivo, pelo site http://www.shownaweb.com/

http://www.movimentoelefantes.com/

http://twitter.com/movelefantes

http://www.shownaweb.com/

Serviço:

Grupo Comboio
Lançamento do CD – Narrativas de Sobrevivência
Dia 09 de março, sexta-feira, às 21h
Local: SESC Pompéia
Teatro
Rua Clélia, 93
Duração: 60 min
Ingressos:
R$ 8,00 [inteira]
R$ 4,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]
R$ 2,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]
Indicação de faixa etária – 12 anos

Capacidade: 774 lugares

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