Aos 80 anos de vida, Cauby Peixoto é um homem que trabalha muito. A voz mansa e os gestos lentos e suaves quase que escondem que o grande cantor do país vive meses de intensa produção. Entre ensaios e gravações, se dedicou diariamente, durante meses, à caixa “Cauby, o Mito – 60 anos de música” (R$ 69,00, Lua Music), que acaba de chegar às lojas de todo o país, com três CDs – “A Voz do Violão” (acompanhado pelo violonista Ronaldo Rayol), com canções que Cauby gosta mas nunca havia gravado, compostas por autores como Caetano Veloso, Edu Lobo, Gonzaguinha e Taiguara; “Caubeatles”, apenas com músicas do famoso quarteto de Liverpool; e “Cauby ao vivo – 60 anos de música”, que sairá também em DVD, álbum gravado ao vivo no teatro Fecap, em São Paulo, com participações de Agnaldo Timóteo Ângela Maria, Emílio Santiago, Fafá de Belém e Vânia Bastos. Além disso, todas as noites de segunda-feira, apresenta no tradicional Bar Brahma – na esquina mais famosa de São Paulo, das avenidas Ipiranga e São João – seu show, sucesso na Paulicéia há nove anos (comemorados em outubro).
De quebra, Cauby encontra tempo e disposição para se apresentar em diversos outros palcos. Os shows de lançamento dos novos CDs, em São Paulo, acontecem dias 2, 3 e 4 de dezembro no Sesc Pompeia, em São Paulo (veja fichas técnicas do show e dos CDs ao final do release) . Ainda não estão definidos os shows em outras cidades, mas é certo que o cantor se apresentará em capitais de vários estados do país e cidades do interior de São Paulo.
Faz também apresentações em diversos outros repertórios. Canta músicas imortalizadas por um de seus grandes ídolos, Frank Sinatra. Canta Roberto Carlos. E também sucessos de sua longa carreira, como “Bastidores”, “My Way”, “Ne Me Quitte Pás”, “Granada” e, claro, “Conceição”. Agora mesmo, com o final das gravações para os CDs, Cauby ensaia incansavelmente o novo show, de estreia com repertório que mescla canções dos três novos CDs, além de sucessos de sua carreira.
Apenas às terças-feiras, um dia após o Brahma, é que Cauby dá total descanso à voz. Terça é quase um dia sabático. Não ensaia nem dá entrevistas. Mesmo em casa fala ainda menos que seu normal, que já é pouco. Mas ouve muita música, “porque isso nunca cansa”. E às terças também cuida corpo: faz fisioterapia para suportar a rotina estafante, mas não estressante, porque permanece apaixonado pelo que faz (também tem sessões de fisioterapia outras duas vezes por semana, em dias variáveis, de acordo com sua agenda).
Vaidoso e orgulhoso pelo talento, não exagera na exaltação a essa qualidade. Pelo contrário, encontra outros pilares para explicar o êxito de sua carreira. “Nunca dependi apenas do meu talento. Talento é o começo, mas sempre investi muito no trabalho. Não há sucesso sem trabalho. Por isso, trabalho muito. Com prazer e sem estresse”, diz o cantor, que acrescenta: “também sempre acreditei no marketing. Marketing é essencial para quem não tem talento, mas também é importante para quem tem”.
Cauby Peixoto lança os CDs para festejar 80 anos de vida (nasceu 10 de fevereiro de 31) e, também 60 anos de carreira fonográfica. Natural de Niterói, Rio de Janeiro, nasceu em família de músicos. Seu pai era o violonista Cadete. A mãe tocava bandolim. Um de seus primos, o conhecido Cyro Monteiro. Seus irmãos também se dedicaram à música: Moacyr Peixoto, ao piano; Araken Peixoto, ao trompete; e as irmãs as cantoras Andyara e Iracema (que parou de cantar cedo por exigência do marido). Por isso, o título “60 anos de música” só é completamente verdadeiro quando o marco inicial é a gravação do primeiro disco. E de fato não dá para definir exatamente quando a música ingressou na vida de Cauby (Reza a lenda que ao primeiro tapa do médico Cauby não chorou. Ele cantou! Exagero? Um pouco. Mas não muito. Cauby cantou desde muito cedo. Ou melhor: quase desde sempre).
Alguns podem citar o período escolar como o ponto de partida desta brilhante trajetória musical. Estudante de um colégio de padres salesianos em Niterói, cantou desde menino no coro da igreja. “Na escola eu cantava alto demais e a professora não gostava. Fui meu irmão Moacyr que mais tarde ensinou-me que eu não precisava gritar. “Assim você não vai conseguir emprego’, ele disse. E eu mudei. Mudei porque precisava de emprego. Eu tinha a voz, mas não sabia cantar”, conta.
Para alguns historiadores da música, a carreira do grande cantor teve início aos 16 anos de idade. “Foi quando comecei a cantar na noite, escondido, na boate ‘Oásis’, na rua Sete de abril, em São Paulo. Eu já cantava antes, mas considero que essa foi a minha estreia profissional, ainda que só me deixassem interpretar poucas músicas”, diz Cauby, que acrescenta: “Mais tarde voltei a cantar na Oásis, já oficialmente, maior de idade, em shows de verdade”, lembra.
Em 49, fez sua primeira apresentação em rádio. E em 51, lançou seu primeiro disco. Também em 51, um ano antes de sua contratação pela rádio Nacional, em meio aos festejos carnavalescos, os executivos da etiqueta “Carnaval” convocaram Cauby para que gravasse seu primeiro 78 RPM. Do lado A, registrou o samba “Saia Branca”, de seu cunhado Geraldo Medeiros, em parceria com Haroldo Lobo. Na outra face, gravou a deliciosa marchinha “Ai, que Carestia”, de Vitor Simon e Liz Monteiro. “É por isso que agora festejo os 60 anos de carreira fonográfica”, explica.
Apesar de todo o sucesso, Cauby ainda se emociona com as homenagens e prêmios. Em 23 de setembro, durante o primeiro dia da longa entrevista a este jornalista, estava exultante. No mesmo dia havia recebido a notícia de que seria homenageado, no dia 27 de setembro, pela The Latin Recording Academy (Academia Latina da Gravação), organizadora do Latin Grammy, com a entrega do prêmio “Latin Recording Academy’s President Merit Award”, para celebrar sua brilhante trajetória artistica; e, no dia 30 de setembro, pela escola de samba paulistana “Águias de Ouro”, como o “Rei da MPB”, ao lado da rainha Ângela Maria. “Este ano de 2011, com o lançamento dos CDs, os shows e, agora, esses reconhecimentos, tem sido muito gratificante para mim. O carinho e o respeito pela minha trajetória deixam-me profundamente emocionado”, afirma o “mito’ que, claro, no dia 27 abriu exceção do seu sagrado dia de descanso. “Não perderia por nada neste mundo!”, diz. “Gosto de ser uma vida regrada, mas não sou preso a regras. Também em uma terça-feira, dia 29 de novembro, participarei da festa show Troféu Sexo MPB 2011, idealizado e criado pelo jornalista, produtor e pesquisador Rodrigo Faour, autor da minha biografia, “Bastidores – Cauby Peixoto – 50 anos da voz e do mito”, acrescenta. (N.R – o evento acontece no Tom Jazz, em São Paulo, com o sugestivo slogan de “Por uma MPB com mais tesão”).
Segundo Thiago Marques Luiz, produtor dos Cds, “Cauby vive um momento mágico e feliz em sua carreira”. Ele afirma: “Do alto dos seus 80 anos de vida, Cauby tem o privilégio de cantar o que deseja e de ainda ocupar o posto de maior cantor do País. Seja acompanhado de grande orquestra ou em voz e violão, Cauby é o maior”.
Carreira
A voz caracterizada pelo timbre grave e aveludado e, também, seu estilo único, que inclui figurinos e penteados próprios, tornaram-no desde cedo Cauby Peixoto – o Cauby - um ícone da música brasileira.
Como já foi dito no início do release, o mito Cauby Peixoto começou sua carreira entre o final dos anos 40 e início dos 50. Embora já tivesse gravado seu primeiro disco, foi o encontro com o empresário Di Veras que fez de Cauby “o maior cantor do Brasil”. A parceria começou em 54, quando Cauby gravou a versão de “Blue Gardênia”, sucesso de Nat King Cole, seu ídolo maior, ao lado de Sinatra. Di Veras era um industrial que dedicava suas poucas horas vagas à música. Sonhava em ser compositor, mas ao conhecer Cauby percebeu que suas músicas não estavam à altura do cantor. “Aposentou” sua insipiente carreira e decidiu que se tornaria o empresário de Cauby. Criativo e brilhante, mas também pragmático, Di Veras não mediu esforços para tornar Cauby famoso no menor tempo possível. Valeu-se de uma série de inovadores truques de marketing, que hoje pareceriam ingênuos, mas que na época eram, como diz Cauby, “revolucionários”.
“Ele sempre criava notinhas para a imprensa, buscava que eu estivesse sempre próximo a alguma celebridade e fazia questão que respondêssemos a todas as cartas das fãs. Ele e eu respondemos, juntos ou separados, a milhares e milhares de cartas”, lembra Cauby. Marqueteiro, Di Veras buscava instigar e atiçar a imaginação das fãs. Criou, por exemplo, o slogan: “Quando Cauby canta, a garotas desmaiam”. Com muito alarde, Di Veras colocou a voz de Cauby no seguro, por três milhões de cruzeiros – uma fortuna na época.
Cauby, que sempre seguiu fielmente os conselhos de Di Veras, mas que nunca descuidou do que julgava mais importante, “a voz”, passou a ser perseguido por onde quer que andasse. Foi notícia em todo o país que suas roupas foram rasgadas na rua por fãs enlouquecidas. O assedio foi tamanho que, descoberto seu endereço, precisou passar meses morando em um hotel, no Rio de Janeiro.
Em 1956, Cauby lançou seu até hoje maior sucesso: “Conceição” (Dunga e Jair Amorim). Ídolo nacional, era presença constante nas rádios e também no cinema, em filmes como “Metido à Bacana” e “Com jeito vai”. Firmou-se como um cantor, sobretudo popular e romântico, embora algumas canções mais sofisticadas, como “Volta ao Passado” e “Foi à Noite”, deixassem claro sua grande versatilidade e talento.
Essa versatilidade para cantar diversos gêneros musicais, aliada à facilidade para cantar em vários idiomas, levou-o a seguir a carreira nos Estados Unidos, com pseudônimos como Ron Coby e Coby Dijon.
Chamou a atenção da mídia, público e de empresários nos EUA. Entre vários “títulos”, foi considerado pelas revistas “Time” e “Life” como “o Elvis Presley brasileiro”. Isso depois de ser convidado para uma excursão aos EUA, onde gravou, cantando em inglês, como Ron Coby, um LP com a orquestra de Paul Weston. De volta ao Brasil, comprou, em sociedade com os irmãos, a boate carioca Drink. Por um breve período dividiu seu tempo entre as apresentações e a administração da casa.
Em 1957, Cauby foi o primeiro cantor brasileiro a gravar uma canção de rock em português: “Rock and Roll em Copacabana”, composta por Miguel Gustavo, também autor da famosa marchinha “Pra Frente, Brasil”. Em 58, o cantor é acompanhado pelo grupo The Snakes, formado por Arlênio, Erasmo Carlos, Edson Trindade e José Roberto (o "China"), no filme "Minha Sogra é da Policia" (1958), onde interpreta a canção “That's Rock”, composta por Carlos Imperial.
Cauby roqueiro ainda gravou a canção "Enrolando o Rock", da banda Betinho & Seu Conjunto, mas depois abandonou esse gênero musical (retornou apenas em 85, quando participou, com a banda Tokyo, do cantor Supla, do num rock-bolero "Romântica", composto pelos integrantes do grupo paulista).
Em 1959, retornou aos EUA para uma temporada de 14 meses, quando fez vários shows, apareceu na televisão norte-americana e gravou, em inglês, “Maracangalha”, de Dorival Caymmi, lá chamada de “I Go” e lançou “You’re The Dream”, uma das primeiras composições de Burt Bacharach. Também participou do filme “Jamboreé”, da Warner Brothers.
Na década de 60, Cauby fixou residência no Brasil e fez apresentações em boates e clubes de todo o país. Nos anos 70, voltou a ser figura constante na mídia, especialmente em programas de televisão de São Paulo e Rio de Janeiro, além de se apresentar em casas noturas e teatros de todo o país. Em 79, por exemplo, participou do Projeto Pixinguinha, da Funarte, ao lado de Zezé Gonzaga.
Em 1980, em comemoração aos 25 anos de carreira, lançou pela Som Livre o disco “Cauby, Cauby”, com composições escritas especialmente para ele por Caetano Veloso (“Cauby, Cauby”), Chico Buarque (“Bastidores”*), Tom Jobim (“Oficina”), Roberto Carlos e Erasmo Carlos (“Brigas de amor”), entre outros. No mesmo ano, apresentou-se nos espetáculos “Bastidores” (Funarte, Rio de Janeiro) e “Cauby, Cauby”, os bons tempos voltaram, na boate Flag, em São Paulo.
Em 1982, fez uma aclamada temporada no “150 Nigth Club”, em São Paulo, com seus irmãos, Moacyr (piano) e Arakrn (piston). Também lançou o LP “Ângela e Cauby”, o primeiro encontro dos dois cantores em disco, com sucessos como “Começaria tudo outra vez” (Gonzaguinha), “Recuerdos de Ipacaray” (Z. de Mirkin e Demetrio Ortiz) e a valsa “Boa-noite, amor” (José Maria de Abreu e Francisco Matoso).
Em 1989, os 35 anos de carreira foram comemorados no bar e restaurante A Baiuca, em São Paulo, ao lado dos irmãos Moacyr, Araken, Iracema e Andyara. No mesmo ano, a RGE relançou o LP “Quando os Peixotos se encontram”, de 1957. Em 1993 foi o grande homenageado, ao lado de Ângela Maria, no Prêmio Sharp. No mesmo ano, foi lançada pela Columbia uma caixa com dois CDs abrangendo as gravações de 1953 a 1959, com sucessos como “Conceição”.
Ao longo de sua carreira, Cauby recebeu homenagens de muitos compositores que fizeram músicas especialmente para ele, como Benito Di Paula, com "Velas ao vento"; Joanna, com "Loucura"; Jorge Benjor, com "Dona culpa"; Eduardo Dusek, com "Não explique"; Carlos Dafé, "Onde foi que eu errei"; e João Roberto Kelly, com "Mistura", além das já citadas canções de Roberto e Erasmo Carlos, Tom Jobim e Caetano Velloso. Já "Bastidores", citada há pouco, sucesso nos anos 1980, foi composta por Chico Buarque originalmente para ser gravada por sua irmã, Cristina Buarque, mas acabou conhecida como uma música feita para Cauby.
Cauby Peixoto gravou, desde 1951, 61 discos de 78 RPM, seis LPs 33 1/2 RPM de 10 polegadas, 51 LPs 33 1/2 RPMe 12 polegadas, 25 compactos simples de 33 ½ e 45 RPM, 19 compactos duplos de 33 1/2 e 45 RPM, 32 K7s e mais de 20 CDs. Em 2002, foi lançada uma biografia autorizada, "O astro da canção", escrita pelo jornalista Rodrigo Faour. Nesse ano, apresentou-se com Ângela Maria no Teatro Rival BR em temporada que durou duas semanas. Na ocasião, interpretou sucessos seus como "Blue Gardênia", "Conceição" e “Bastidores”.
Em 2003, aos 73 anos, estreou na casa de shows "Canecão", no Rio de Janeiro onde nunca havia cantado. Na ocasião, lançou também o CD "Cauby Peixoto - Graças a Deus", em que todas as canções tinham a palavra “Deus”, com direção de João de Aquino e direção de Dala Lazaroni. Divinamente – sem trocadilhos – interpretou "Noite de paz", de Dolores Duran; "O Menino de Braçanã", de Luiz Vieira; "Deus me Perdoe", de Humberto Teixeira e Lauro Maia e "Se eu quiser falar com Deus", de Gilberto Gil, além do seu grande hit "Conceição", ovacionado pelo público. Nesse mesmo ano, apresentou no teatro Rival BR o show "Vozes" com a cantora Selma Reis. Em 2004, foi indicado para o Prêmio TIM em cinco categorias. Ganhou como “Melhor Dupla”, com Selma Reis, e de melhor cantor, com o cd “Graças a Deus”.
Em 2006, foi homenageado com o espetáculo musical "Cauby, Cauby", uma superprodução com dez atores, cinco músicos, cenários de Daniela Thomas e 120 figurinos, escrito e dirigido pelo dramaturgo Flávio Marinho, no qual o cantor foi interpretado pelo ator Diogo Vilela. Ainda nesse ano, lançou o CD "Cauby canta Baden" no qual interpretou 11 composições de Baden Powell, e entre as quais, "Apelo", "Lapinha", "Pra que chorar", "Samba triste", "Violão vadio", "Canção do amor um só", "Mistério", e "Samba em prelúdio". Também em 2006 lançou o cd e dvd “Eternamente Cauby”. Em abril de 2007, o texto do musical "Cauby, Cauby", de Flávio Marinho foi lançado em livro. Nesse ano, recebeu dois prêmios TIM. Melhor cantor na categoria "Canção popular" pelo CD e DVD "Eternamente Cauby Peixoto - 55 anos de carreira", da Atração Fonográfica, e melhor cantor na categoria MPB com o CD "Cauby canta Baden" da Editora Entrelinhas. Ainda em 2007, venceu o Grammy Latino na categoria "Melhor Álbum de Música Romântica" com "Eternamente Cauby Peixoto - 55 anos de carreira". Em 2009, lançou o CD "Cauby interpreta Roberto", disco idealizado e produzido por Thiago Marques Luiz para o selo Lua Music, no qual interpretou 12 composições de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Em 2009 e 2010 foi produzido um longa metragem sobre Cauby. Foram colhidos depoimentos de artistas, críticos, produtores, fãs, jornalistas familiares, colegas e amigos. O filme, produzido e dirigido por Nelson Honeiff, está em fase final de edição e deve ser lançado em 2012. Em 2010, fez no Teatro Fecap, no bairro da Liberdade, em São Paulo, o show "Cauby canta Sinatra" no qual interpretou canções imortalizadas na voz de Sinatra. Foram dois shows. No segundo, foi gravado o CD e DVD, de mesmo nome, além do primeiro blue-ray da carreira do cantor. Nos shows, o cantor foi acompanhado por oito músicos. No mesmo período foi gravado um especial para a TV Cultura de São Paulo.
No dia 21 de novembro, Cauby novamente apresentou-se no Bar Brahma, tradicional templo da boemia paulistana. Sua entrada no salão principal do Bar Brahma é daquelas cenas que ficam guardadas para sempre na memória: Segunda-feira, 22h30, Cauby Peixoto ingressa no salão principal, cantando. O público, em pé, recepciona o artista com aplausos calorosos e gritos. Há quem chore. Já no palco, sentado em uma cadeira, começa a cantar....português, inglês, espanhol, italiano e francês....mostrando porque é o um “mito”, um raríssimo exemplar de cantor que há cinco décadas faz sucesso, com talento, dignidade e muito trabalho no Brasil. “Não posso parar de cantar. O palco e a música são a minha vida”, diz no camarim, ao melhor, nos Bastidores, ao final do show.
Além de cantar no Bar Brahma e em vários outros palcos, Cauby se dedica – agora que terminaram as gravações dos três novos CDs – a ensaiar, muito, para os shows que fará por todo o país, para o lançamento da caixa “Cauby, o Mito – 60 anos de música”.
Apaixonado por todo o trabalho, o cantor conta que está curioso para ver a reação do público e crítica à versão que vez para a música Adie – Para dizer Adeus, de Edu Lobo e Torquato Neto, no cd “A voz do violão” (nome empresado à canção de Francisco Alves e Horácio Campos). Cauby destaca ainda suas interpretações das canções dos Beatles. E surpreende ao confessar que mal conhecia o famoso quarteto de Liverpool. “Claro que eu já tinha ouvido falar e escutado algumas coisas, mas posso dizer que não os conhecia de verdade. Eu não conhecia os Beatles e estou impressionado. Eles são maravilhosos!”, exclama Cauby, que faz questão de cantarolar algumas das músicas do cd “Caubeatles”.
Ao ouvir o famoso cantor, no auge da forma, aos 80 anos de vida e 60 de carreira fonográfica, este jornalista já não se surpreende ao constatar que Cauby não conhecia os Beatles. “O que me espanta e entristece é saber que os Beatles não te conheceram, Cauby!”, exclamo. Seus olhos brilham. Ele sorri. E continua a cantarolar. “You may say, I’m a dreamer. But I’m not the only one. I hope some day You’ll join us And the world will be one…”
Caixa “Cauby – o Mito - 60 anos de Música”
R$ 69,00 – Lua Music
CD - A voz do Violão
01. Guerreiro menino (Gonzaguinha)
02. As vitrines (Chico Buarque)
03. Fracasso (Fagner)
04. Granada (Agustin Lara)
05. Minha voz, minha vida (Caetano Veloso)
06. Modinha (Sérgio Bittencourt)
07. Eu sonhei que tu estavas tão linda (Lamartine Babo)
08. Todo sentimento (Chico Buarque e Cristóvão Bastos)
09. O que tinha de ser (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
10. Hoje (Taiguara)
11. Adie (Pra dizer Adeus) (Edu Lobo e Torquato Neto – Versão Cauby Peixoto)
12. Lembra de mim (Ivan Lins e Vitor Martins)
13. Viola enluarada (Marcos e Paulo Sérgio Valle)
14. A voz do violão (Francisco Alves e Horácio Campos)
CD 2 – Caubeatles
01.And I love her (Lennon e McCartney)
02.The long winding road (Lennon e McCartney)
03.Michelle (Lennon e McCartney)
04.My love (McCartney)
05.Help (Lennon e McCartney)
06.Hey jude (Lennon e McCartney)
07.Imagine (Lennon)
08.Till there was you (M. Wilson - versão – Ronaldo Bastos)
09.Here, there y everywhere (Lennon e McCartney)
10.All my loving (Lennon e McCartney)
11.Yesterday (Lennon e McCartney)
12.Let it be (Lennon e McCartney)
CD 3 – Cauby ao vivo – 60 anos de música - que sairá também em DVD.
01. Força Estranha (Caetano Veloso)
Cauby, Cauby (Caetano Veloso)
02. Evergreen (Paul Willians - Barbra Streisand)
03. El Reloj (Roberto Cantoral)
04. Estate (Bruno Martino/Bruno Brighetti)
05. Volevo amarti um po (Cutugno/Vanoni-Daiano-Bardotti)
06. Il Mondo (Fontana/Pes/Meccia/Grooly)
07. Et Maitenant (Gilbert Becaud e Pierre Delanoe)
08. Too Young (S. Lippman/S. Dee)
09. Memory (Andrew Lloyd Webber/T. C. Eliot/T. Nunn)
10. Meu Sonho é Você (Altamiro Carrilho)
11. Gente Humilde (Garoto/Chico Buarque/Vinícius de Moraes)
12. Serenata do Adeus (Vinicius de Moraes)
13. Falando de Amor (Tom Jobim)
14. Bastidores (Chico Buarque)
15. A Pérola e o Rubi (Jay Livingston/ R. Evans/Versão Haroldo Barbosa)
Tarde Frita (Poly/Henrique Lobo)m
16. Conceição (Dunga e Jair Amorim)
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