Após críticas favoráveis no Estadão e Brazilian Voice, Di Freitas lança o CD “O Alumioso” no CCBNB
Após receber críticas elogiosas nos jornais O Estado de S. Paulo e Brazilian Voice (editado em Newark, New Jersey, EUA), o instrumentista, compositor, luthier (construtor de instrumentos) e professor caririense Di Freitas chega ao palco do Centro Cultural Banco do Nordeste.-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108). Amanhã (28/5), às 12h e 18h30, o artista fará shows de lançamento do seu novo CD, intitulado “O Alumioso”, dentro do programa Palco Instrumental.
No espetáculo, Di Freitas, tocando rabeca e violoncelo de cabaça, apresentará um belo repertório que revisita a tradição ibérica do romanceiro, e faz pulsar a tradição do Cariri, nas flautas e pífanos, acompanhado pelos músicos Evânio Soares (rabeca e viola), Cidália Maria (percussão e rabeca) e Amélia Coelho (voz e percussão).
As cordas encantadas de Di Freitas (crítica publicada no jornal Brazilian Voice, assinada por Aquiles Reis, integrante do grupo vocal MPB-4)
Venho hoje lhes falar de um cabra nascido em Fortaleza, que ainda moço se foi pro sertão do Cariri. Fazedor de música é o que ele é. Sujeito músico que, não contente de assim ser, ainda deu de construir seus instrumentos. Pelas suas mãos vieram à luz o marimbau e o violoncelo de cabaça, e também vieram a rabeca de cabaça e a rabeca de colo, e mais a lira nordestina e a viola de treze cordas de cabaça. Mas o moço ainda toca violão, alaúde, clarinete e flauta doce.
Pois que assim comecei, sigo: compositor refinado é o que Di Freitas é, pois sua alma de bruxo melodioso carrega um tantão da música ressecada pelo sol do Nordeste e tem na alma o sofrer do sertanejo.
A bordo de um carro de boi alado, os acordes saídos das cordas das invenções de Di Freitas carregam o rangido das rodas que rangem na poeira que liga uma cacimba seca à outra por secar.
Feito um Jordil Savall (músico e compositor catalão, especialista em viola de gamba) ou um Compay Segundo (músico e compositor cubano), Di Freitas dá à música tal dimensão que corremos o risco de perdê-la de vista. Ela que é tão verdadeira quanto cruel é a fome.
O Alumioso (selo SESC) é o CD de Di Freitas, ele que hoje é também coordenador de Música da Orquestra de Rabecas do SESC, lá em Juazeiro do Norte. Sua brasilidade musical é coisa de doido. Cada nota saída dos instrumentos por ele criados soa como ode à música brasileira.
Acordes e notas soltas, somados aos sons do piano tocado por Lincoln Antonio (que também toca pife e é o produtor musical do álbum), fazem a força do cancioneiro nordestino se somar à exuberância das músicas cubanas, africanas e ibéricas, e resultam em música a um só tempo popular e erudita.
Resta um som que fascina pela sofisticação harmônica e pelo pulsar rítmico, que comove pela singeleza do fraseado e pela inspiração dos improvisos. Nessa amplitude mágica reside a genialidade de Di Freitas.
Para tamanha façanha, Di Freitas conta com a zabumbateria (genial!) e a percussão de Éder “O” Rocha, a viola de Filpo Ribeiro, a percussão de Ari Colares e a boa voz de Juliana Amaral.
São catorze faixas de arrepiar. Doze só de Di Freitas – inclusive uma com versos (“Flor de Algodão”) cantados por Juliana –, uma de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (“Juazeiro”) e outra de Patativa do Assaré (“Vaca Estrela e Boi Fubá”).
É pena, mas CD assim, feito tantos outros, costuma ter por destino ficar semidesconhecido. Mas este, com bela capa concebida por Leda Catunda, sem dúvida será considerado pelos que tiverem a ventura de ouvi-lo um dos lançamentos mais sedutores do ano.
E agora, pra dedicar bonitezas pr’O Alumioso, valho-me de alguns dos versos finais de Morte Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto: “De sua formosura deixai-me que diga: é tão belo como um sim numa sala negativa (...) Belo porque corrompe com sangue novo a anemia. Infecciona a miséria com vida nova e sadia. Com oásis, o deserto, com ventos, a calmaria”.
Fonte: http://www.brazilianvoice.com/mobile/bv_colunista/bv_aquiles_reis/6407.html
Crítica publicada no jornal O Estado de S. Paulo: O Alumioso, estreia do instrumentista Di Freitas, bebe nas fontes sonoras do Cariri (por Francisco Quinteiro Pires)
A beleza musical vem da simplicidade. Di Freitas, que lança O Alumioso (Selo Sesc SP), acredita na naturalidade sonora. "Minhas composições são simples do ponto de vista melódico e harmônico", diz. "Minha proposta é criar uma arte ligada à oralidade e à cultura da região, sem inventar". Por cultura da região, entenda-se a do Cariri, no Sul do Ceará, onde há um conjunto de sonoridades que vêm dos árabes, africanos e ibéricos. Nascido em Fortaleza há 43 anos, Di Freitas se radicou em Juazeiro do Norte (CE) em 2000. Ali atua em duas frentes: é professor e luthier. Fundou há sete anos uma orquestra de rabecas, para a qual idealizou instrumentos feitos de cabaça, fruto de uma planta abundante em Juazeiro.
Ele mesmo teve de fazer a confecção, porque é difícil encontrá-los à venda. E é com a rabeca e o violoncelo de cabaça que Di Freitas grava a maioria das 14 composições de O Alumioso, título em referência a Ariano Suassuna, um dos criadores do movimento armorial e de quem o músico leu vários livros. Seu estilo vem daí, da formação erudita - violão clássico - e dos K7s e vinis trazidos pelo pai, marinheiro mercante que viajou o mundo.
Após receber críticas elogiosas nos jornais O Estado de S. Paulo e Brazilian Voice (editado em Newark, New Jersey, EUA), o instrumentista, compositor, luthier (construtor de instrumentos) e professor caririense Di Freitas chega ao palco do Centro Cultural Banco do Nordeste.-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108). Amanhã (28/5), às 12h e 18h30, o artista fará shows de lançamento do seu novo CD, intitulado “O Alumioso”, dentro do programa Palco Instrumental.
No espetáculo, Di Freitas, tocando rabeca e violoncelo de cabaça, apresentará um belo repertório que revisita a tradição ibérica do romanceiro, e faz pulsar a tradição do Cariri, nas flautas e pífanos, acompanhado pelos músicos Evânio Soares (rabeca e viola), Cidália Maria (percussão e rabeca) e Amélia Coelho (voz e percussão).
As cordas encantadas de Di Freitas (crítica publicada no jornal Brazilian Voice, assinada por Aquiles Reis, integrante do grupo vocal MPB-4)
Venho hoje lhes falar de um cabra nascido em Fortaleza, que ainda moço se foi pro sertão do Cariri. Fazedor de música é o que ele é. Sujeito músico que, não contente de assim ser, ainda deu de construir seus instrumentos. Pelas suas mãos vieram à luz o marimbau e o violoncelo de cabaça, e também vieram a rabeca de cabaça e a rabeca de colo, e mais a lira nordestina e a viola de treze cordas de cabaça. Mas o moço ainda toca violão, alaúde, clarinete e flauta doce.
Pois que assim comecei, sigo: compositor refinado é o que Di Freitas é, pois sua alma de bruxo melodioso carrega um tantão da música ressecada pelo sol do Nordeste e tem na alma o sofrer do sertanejo.
A bordo de um carro de boi alado, os acordes saídos das cordas das invenções de Di Freitas carregam o rangido das rodas que rangem na poeira que liga uma cacimba seca à outra por secar.
Feito um Jordil Savall (músico e compositor catalão, especialista em viola de gamba) ou um Compay Segundo (músico e compositor cubano), Di Freitas dá à música tal dimensão que corremos o risco de perdê-la de vista. Ela que é tão verdadeira quanto cruel é a fome.
O Alumioso (selo SESC) é o CD de Di Freitas, ele que hoje é também coordenador de Música da Orquestra de Rabecas do SESC, lá em Juazeiro do Norte. Sua brasilidade musical é coisa de doido. Cada nota saída dos instrumentos por ele criados soa como ode à música brasileira.
Acordes e notas soltas, somados aos sons do piano tocado por Lincoln Antonio (que também toca pife e é o produtor musical do álbum), fazem a força do cancioneiro nordestino se somar à exuberância das músicas cubanas, africanas e ibéricas, e resultam em música a um só tempo popular e erudita.
Resta um som que fascina pela sofisticação harmônica e pelo pulsar rítmico, que comove pela singeleza do fraseado e pela inspiração dos improvisos. Nessa amplitude mágica reside a genialidade de Di Freitas.
Para tamanha façanha, Di Freitas conta com a zabumbateria (genial!) e a percussão de Éder “O” Rocha, a viola de Filpo Ribeiro, a percussão de Ari Colares e a boa voz de Juliana Amaral.
São catorze faixas de arrepiar. Doze só de Di Freitas – inclusive uma com versos (“Flor de Algodão”) cantados por Juliana –, uma de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (“Juazeiro”) e outra de Patativa do Assaré (“Vaca Estrela e Boi Fubá”).
É pena, mas CD assim, feito tantos outros, costuma ter por destino ficar semidesconhecido. Mas este, com bela capa concebida por Leda Catunda, sem dúvida será considerado pelos que tiverem a ventura de ouvi-lo um dos lançamentos mais sedutores do ano.
E agora, pra dedicar bonitezas pr’O Alumioso, valho-me de alguns dos versos finais de Morte Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto: “De sua formosura deixai-me que diga: é tão belo como um sim numa sala negativa (...) Belo porque corrompe com sangue novo a anemia. Infecciona a miséria com vida nova e sadia. Com oásis, o deserto, com ventos, a calmaria”.
Fonte: http://www.brazilianvoice.com/mobile/bv_colunista/bv_aquiles_reis/6407.html
Crítica publicada no jornal O Estado de S. Paulo: O Alumioso, estreia do instrumentista Di Freitas, bebe nas fontes sonoras do Cariri (por Francisco Quinteiro Pires)
A beleza musical vem da simplicidade. Di Freitas, que lança O Alumioso (Selo Sesc SP), acredita na naturalidade sonora. "Minhas composições são simples do ponto de vista melódico e harmônico", diz. "Minha proposta é criar uma arte ligada à oralidade e à cultura da região, sem inventar". Por cultura da região, entenda-se a do Cariri, no Sul do Ceará, onde há um conjunto de sonoridades que vêm dos árabes, africanos e ibéricos. Nascido em Fortaleza há 43 anos, Di Freitas se radicou em Juazeiro do Norte (CE) em 2000. Ali atua em duas frentes: é professor e luthier. Fundou há sete anos uma orquestra de rabecas, para a qual idealizou instrumentos feitos de cabaça, fruto de uma planta abundante em Juazeiro.
Ele mesmo teve de fazer a confecção, porque é difícil encontrá-los à venda. E é com a rabeca e o violoncelo de cabaça que Di Freitas grava a maioria das 14 composições de O Alumioso, título em referência a Ariano Suassuna, um dos criadores do movimento armorial e de quem o músico leu vários livros. Seu estilo vem daí, da formação erudita - violão clássico - e dos K7s e vinis trazidos pelo pai, marinheiro mercante que viajou o mundo.
As sonoridades que mais marcaram Di Freitas são as da Índia, Egito e Cuba. Em O Alumioso, ele é acompanhado por Lincoln Antonio (piano), Ari Colares (percussão), Éder "O" Rocha (zabumba) e Juliana Amaral (voz). Só duas faixas não são de Di Freitas: Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) e Vaca Estrela e Boi Fubá (Patativa do Assaré). Ele considera essa a sua estreia, depois de Ultraexistir (2007), CD gravado com a cantora lírica italiana Francesca Della Monica.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090408/not_imp351752,0.php
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090408/not_imp351752,0.php
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